Com medo de perder o filho na Justiça, o pai raptou o bebê de dentro da maternidade. O caso aconteceu anteontem, na Maternidade Municipal Lucilla Ballalai, em Londrina.
O hospital é um dos maiores do Estado, referência no Brasil em aleitamento materno e partos normais. A criança nasceu saudável na quarta-feira. O problema, de acordo com o gerente do hospital Euvilson Severino Silva, é que esse é o quarto filho de um casal de moradores de rua, viciados em droga.
“Os irmãos desse bebê vivem com parentes por que os pais não têm onde morar. Por isso nossa assistência social acionou a Vara da Infância e Juventude, o Juizado de Menores e o Conselho Tutelar”, afirma.
Um juiz da cidade decidiu que, assim que saísse da maternidade, a criança deveria ir para um abrigo até que algum familiar com estabilidade financeira e residência própria aparecesse. De alguma maneira a informação chegou ao pai da criança, que preferiu levá-la embora a perdê-la, no fim da tarde de sábado.
“Ele era acompanhante da esposa na maternidade e, como estava muito frio, ele usava uma blusa grande. Ele colocou o bebê dentro da blusa e, na saída, ainda conversou com o guarda e entregou o crachá. O guarda não percebeu que ele estava com o bebê”, conta Euvilson.
Logo em seguida a enfermeira percebeu que a mãe estava muito nervosa e conversou com ela até descobrir o que tinha acontecido. Euvilson foi chamado e decidiu ir até a Delegacia mais próxima fazer um boletim de ocorrência e pedir ajuda para localizar o pai e o bebê.
“Depois que foi aberto o inquérito, encontrei no cadastro da mãe um telefone. Liguei, o pai atendeu e conversei com ele. Contei que a esposa e ele poderiam ser presos e, aí sim, não poderiam mais ficar com a criança”, revela o gerente.
Com medo, Euvilson enviou um amigo até o hospital para devolver o bebê e passou o dia dos pais longe da família, escondido. A criança passa bem. Hoje, responsáveis pela maternidade e familiares do bebê definirão com a polícia e com a Justiça qual será o destino do pai e da criança.
Segurança
Em 18 anos de existência, é a primeira vez que um bebê é levado de dentro da maternidade que conta com dois guardas de plantão 24 horas e apoio de uma empresa terceirizada de segurança.
“O importante para nós é que o bebê está bem. Ainda assim, temos que rever a situação até em contato com o secretário de saúde e o prefeito, para ver a possibilidade de colocar guardas armados em frente ao hospital”, informa.
Em 2007, a maternidade recebeu R$50 mil do “V Prêmio Galba de Araújo”, promovido pelo Ministério da Saúde para destacar hospitais que mais investem no parto normal e atendimento humanizado a gestantes e bebês. A maternidade realiza 70% dos partos ocorridos em Londrina, o que equivale em média a 300 nascimentos por mês.
