Três anos depois de ser acusado de assassinar o próprio filho, Robson Cleber Ziemmer, 28 anos, vai a júri popular. A esposa dele, madrasta da criança, Neusa Dias Lopes, 29, também será julgada por co-autoria no crime. O júri será realizado na quinta-feira, no Fórum Criminal de São José dos Pinhais.
Na época, a polícia definiu o crime como ?monstruoso?. Na noite do dia 19 de junho de 2003, Raul Ziemmer, 3 anos, chegou sem vida ao posto de saúde Afonso Pena, em São José dos Pinhais. O médico que recebeu a criança percebeu os sinais de espancamento – braço quebrado, hematomas em todo o corpo, ferimentos graves na cabeça e no rosto do menino, que estava com os lábios cortados e inchados de tanto apanhar. O médico chamou a Polícia Militar e, horas depois, Robson e Neusa foram autuados em flagrante por homicídio na delegacia do município.
Raul já tinha sido tirado do pai, quando tinha dois anos de idade, pelo mesmo motivo – espancamento e maus-tratos. Mas, depois de 15 dias sob a guarda da Justiça, foi devolvido à família, onde sofreu novas agressões até morrer.
Quando foi preso, Robson negou que o menino já estivesse morto ao ser levado por ele, com a ajuda de vizinhos, para o posto de saúde. Porém, o exame médico constatou que a criança já havia morrido pelo menos uma hora antes de receber socorro. Quanto ao espancamento da criança, na época, Robson foi sucinto: ?Me descontrolei e pronto.?
De acordo com um dos advogados que atuará no júri, Paulino Cortes, Robson confessou o crime. A princípio, Neusa foi acusada de incentivar as agressões, mas, no decorrer do processo, a promotoria entendeu que ela foi omissa à violência que a criança sofria. ?Ela está sendo acusada de omissão, mas a maior falta foi da própria Justiça, que retirou a criança do pai e, depois, de forma irresponsável, a devolveu. Se o menino tivesse sido retirado definitivamente do convívio com o pai, a tragédia não teria acontecido?, disse o advogado. Neusa está recolhida na Penitenciária Feminina e Robson no Centro de Triagem II, em Piraquara.