Com requintes de crueldade, o estudante Diensen Vidal dos Santos, 14 anos, foi assassinado dentro de sua casa, na Rua Jacob Boryca, Vila Pompéia, Tatuquara. O pai dele, o vigilante Adão Vidal dos Santos, 43, foi morto a poucas quadras de sua moradia, em frente a um estabelecimento comercial situado na Estrada Delegado Bruno de Almeida. As duas mortes ocorreram durante a madrugada e foram cometidas pela mesma pessoa, Isac dos Reis de Jesus, 19, um vizinho das vítimas. O acusado foi preso horas depois, por policiais militares do serviço reservado (P2) e encaminhado ao 13.º Distrito (Tatuquara).
O primeiro corpo a ser encontrado foi o do vigilante, por volta das 6h. Ele estava caído na escadaria de uma panificadora e foi morto por espancamento. A partir da identificação do corpo de Adão, a polícia foi até a residência dele e, então, encontrou o cadáver do filho, caído no quarto do pai. O garoto também foi morto a pancadas.
Violência
A morte de Diensen foi a mais violenta. Numa análise superficial de peritos, foram constatadas marcas de queimaduras no pescoço e orelha do garoto. O rosto também estava bastante machucado. Segundo moradores, o menino era muito querido na localidade. Por volta da meia-noite ele chegou a conversar com a vizinha, explicando que estava sozinho à espera do pai. Depois desse rápido bate-papo, a vizinha se recolheu, mas informou ter ouvido gemidos vindos da casa ao lado, que logo cessaram. Em seguida, ouviu o barulho do portão da moradia sendo fechado. "Pensei que era o Adão chegando em casa. Mas era o matador saindo", explicou a mulher.
Os gemidos ouvidos foram emitidos pelo adolescente, enquanto apanhava e era torturado. Diensen teve a cabeça batida contra o chão da moradia, o que resultou em sua morte. Os quartos da casa foram revirados, como se o assassino estivesse à procura de algum objeto ou dinheiro.
Adão também foi morto a socos e pontapés. Segundo o criminoso, ele e o vigilante brigaram e durante a pancadaria, Adão caiu na escadaria. Isac aproveitou-se da situação e o assassinou. O homicida seria capoeirista.
Prisão
Com a descoberta dos corpos, a polícia iniciou investigações à procura do matador. A partir de informações dadas por familiares, Isac foi localizado e preso. Os policiais do serviço reservado encontraram o acusado escondido em cima da laje de uma casa, próxima da residência onde matou o adolescente. Ele já havia trocado de roupa na casa de familiares e se preparava para fugir. Provavelmente, voltaria para Toledo (cidade de onde é oriundo)", explicou o policial. Isac foi preso portando uma faca.
Conforme o aspirante Rasera, do 13.º Batalhão, no momento da prisão, o homicida confessou o crime. Durante a apresentação, Isac confirmou ter cometido os dois assassinatos, mas por motivos diferentes. Adão foi morto porque teria feito galanteios à futura esposa de Isac. "Soube que ele tinha falado da minha mulher e fui tirar satisfação. Nos encontramos na rua. Discutimos e brigamos", contou.
O adolescente foi morto porque teria presenciado a morte do pai. "Ele me viu matando o pai e saiu correndo pra casa. Fui atrás e bati com a cabeça dele no chão", explicou. O assassino disse ter agido sozinho.
Motivo não esclarecido
O motivo do duplo assassinato revelado pelo criminoso ainda não é totalmente aceito pela polícia, pois há detalhes sobre as mortes a serem investigados. Um deles recai sobre a cronologia dos assassinatos. Isac diz ter matado primeiro o pai e depois o filho, como "queima de arquivo". Entretanto, pelas informações da vizinhança, o garoto estava em casa durante a noite e por isso não poderia ter visto o crime em frente à panificadora, conforme disse o assassino. Outra dúvida paira sobre a casa vasculhada. "O detido diz que estava à procura da arma, mas qual seria a utilidade da arma se pai e filho já estavam mortos?", pergunta a polícia. Moradores locais comentaram que, na noite de terça-feira, Adão comentou que já havia sido ameaçado de morte anteriormente, mas não citou motivos. O vigilante receberia dinheiro referente à saída de seu emprego e teria comentado isso com o acusado, que freqüentava sua casa. No domingo participaram de um churrasco juntos.
Adão e o filho moravam sozinhos na residência. Atualmente, o vigilante estava separado e sua ex-mulher mora em São Paulo.