O novo julgamento do pai-de-santo Osni Noronha, conhecido como “Jacaré”, 60 anos, está marcado para esta sexta-feira. Ele é acusado de executar com tiros na cabeça os filhos Lucas Raziel Pilatti Noronha, de 4 anos, e Maria Clara Pilatti Noronha, de 2, enquanto dormiam, além de assassinar o ex-cunhado, Fernando Pilatti, 22, e tentar matar a ex-sogra, Elone Maria Walter, na noite de 16 de dezembro de 1998.
Quatro anos depois, em 27 de setembro de 2002, ele foi condenado a 54 anos de prisão. Depois de impetrar os recursos necessários, seu advogado, Cláudio Dalledone Júnior, renunciou ao caso. Para o novo julgamento, que aconteceria no dia 28 de junho deste ano, o juiz Rogério Etzel nomeou o advogado Matheus Gabriel Rodrigues de Almeida. No entanto, Dalledone resolveu retomar a defesa. Mas como estava com viagem marcada para o Pará, para defender Valentina de Andrade – acusada de mortes e castração de garotos, em Altamira -, o julgamento do pai-de-santo precisou ser adiado. Depois Dalledone renunciou novamente o caso e o juiz Rogério Etzel determinou que o advogado Matheus volte a defender o réu gratuitamente.
Defesa
O advogado Matheus Gabriel Rodrigues de Almeida informou que a novidade deste júri é que foram arroladas testemunhas de defesa, que não participaram do primeiro julgamento. A tese do defensor é a negativa de autoria. “O Osni fala dos filhos com muita tristeza. Ele não iria fazer uma barbaridade dessa com aquelas duas crianças”, salientou o defensor.
O julgamento de Osni Noronha tinha sido adiado seis vezes antes de ele ser condenado pelo Tribunal do Júri, em sessão que aconteceu nos dias 26 e 27 de setembro de 2002, que durou 23 horas. Como foi condenado a mais de 20 anos de prisão, o pai-de-santo ganhou o direito de ser julgado novamente, conforme determina a lei. Pela execução de cada filho, Osni foi condenado a 17 anos e quatro meses de reclusão; pelo assassinato de Fernando foram mais 12 anos; e pela tentativa de homicídio contra Elone, mais 8 anos, o que totalizou 54,8 anos.
Amantes
Carla Pilatti e Osni Noronha foram amantes durante oito anos, sendo as duas crianças fruto desta relação amorosa. Ele era casado e nunca abandonou a família para ficar com a jovem, que era sua amásia desde os 16 anos. Cansada da situação, Carla desmanchou o relacionamento três meses antes da tragédia.
De acordo com a acusação, Osni convidou Carla para ir até uma chácara, na Vila Areia Branca dos Assis, em Mandirituba. Temendo as ameaças feitas anteriormente pelo ex-amante, a jovem pediu para o irmão ir junto, ambos ocupando um Escort. Pouco antes do retorno, por volta das 22h, Osni teria sacado o revólver calibre 38 e forçado Carla a levá-lo até sua casa, onde encontrou Elone, contra a qual disparou o primeiro tiro, ferindo-a de raspão no queixo. Em seguida, fez outro disparo, atingindo o peito de Fernando. Depois tornou a descarregar a arma na cabeça dos filhos, que dormiam, um no sofá e outro no tapete da sala.
