Ele está detido na Prisão Provisória de Curitiba (Ahu) há quase quatro anos. Osni é acusado de ter matado os dois filhos pequenos e o cunhado. Ele também teria atirado contra a ex-amante, mãe das crianças, que nada sofreu, e na mãe dela, que levou um tiro de raspão. O crime, ocorrido em dezembro de 1998, chocou a opinião pública.
As sessões anteriores no Tribunal do Júri não aconteceram por diferentes motivos. O primeiro julgamento, há dois anos, foi adiado porque o réu destituiu os defensores e nomeou novo advogado. Duas sessões tiveram que ser canceladas porque Osni, hipertenso, precisou de internamento hospitalar devido a crises cardíacas. Em dezembro do ano passado, o juiz João Kopytowski mandou prender uma das testemunhas, que estaria coagindo os jurados. O homem só foi liberado depois de pagar fiança. Outros dois júris foram adiados porque a defesa havia pedido à Brasil Telecom relatórios detalhados de telefonemas feitos no dia do crime.
Vítimas
As duas crianças, de dois e quatro anos de idade, estavam dormindo quando foram mortas a tiros, na noite de 16 de dezembro de 98. Na mesma ocasião, Osni teria baleado a mãe da ex-amante, Elone Maria Walter, e o irmão, Fernando Pilatti, que recebeu um tiro na cabeça e não sobreviveu.
Carla Pilatti, os filhos, a mãe Elone e o irmão Fernando moravam em uma casa alugada no Jardim Verginia, São Braz. Osni, casado há mais de trinta anos, manteve um relacionamento amoroso com Carla durante aproximadamente oito anos.
Carla conheceu o pai-de-santo, que era também dono de uma panificadora e de uma empreiteira, quando tinha dezesseis anos. Foi levada ao centro espírita de Osni pela própria mãe, porque sofria de um problema no estômago. O pai-de-santo teria curado Carla, e depois disso, mãe e filha passaram a freqüentar o centro.
A garota passou então a se relacionar com Osni, na época com quase cinqüenta anos. O primeiro filho do casal de amantes foi o garoto Lucas Raziel Pilatti Noronha. Dois anos depois, Carla teve a menina Maria Clara Pilatti Noronha. Durante todo o tempo, Carla e Osni nunca viveram juntos. O pai-de-santo mantinha sua família e, segundo testemunhas, sustentava Carla e as duas crianças. Primeiro, alugou um apartamento para ela. Após o nascimento de Maria Clara, alugou a casa no Jardim Vergínia e registrou as crianças em seu nome.
Na época do crime, Carla havia terminado o relacionamento com Osni. Os dois discutiam freqüentemente sobre o pagamento de pensão aos filhos. No dia do crime, Carla, Osni e Fernando haviam se encontrado na chácara do empresário para conversar. Os três voltaram juntos, à noite, para a casa de Carla, onde estavam Elone e as duas crianças.
O crime
Segundo depoimento de Carla, o pai-de-santo se mostrava “transtornado” na viagem da chácara à residência. Ao chegar, já dentro da casa, ele teria disparado contra Carla e Elone. Errou o primeiro tiro, e o segundo pegou Elone de raspão. Fernando pediu para que parasse o tiroteio. Osni teria atirado mais uma vez, agora contra o rapaz, atingido na cabeça.
Depois, Osni teria se dirigido à sala e baleado as crianças, que dormiam no sofá. Vizinhos testemunharam que ele saiu a pé e se dirigiu até uma esquina, onde uma camioneta o esperava. Ficou foragido por alguns dias e se apresentou no dia 24 de dezembro.
O acusado alegou que estava escuro na casa na hora dos tiros, e que teria atirado em Fernando e Elone tentando se defender de uma “armação” feita pela sogra e por outras pessoas que pretendiam matá-lo, para que Lucas e Maria Clara ficassem com a sua herança. No inquérito policial, o pai-de-santo disse, ainda, que não atirou contra os filhos.
A sessão no Tribunal do Júri será presidida pelo juiz Rogério Etzel. Na defesa de Osni Noronha está o advogado Cláudio Dalledone Junior. A promotora Lúcia Inês Giacomitti Andrich atua na acusação, tendo o advogado Beno Brandão como assistente. A sessão no Tribunal do Júri deverá se prolongar até amanhã. Além de ser um caso de grande repercussão, onze testemunhas serão ouvidas.