A polícia apurou que o crime brutal que vitimou Maurício de Oliveira Souza, de apenas 11 anos, no domingo, em São José dos Pinhais, foi praticado pelo padrasto da vítima, Reginaldo Martins dos Santos, 31 anos, na companhia de dois adolescentes.
Um dos garotos é traficante de drogas do Jardim Alegria e, revoltado com os pequenos furtos praticados pelo menino, ofereceu pedras de crack para que os outros dois o ajudassem a matá-lo.
O homem e um dos garotos foram detidos na noite de segunda-feira e o terceiro suspeito, ontem à tarde. Conforme foi apurado pelo delegado Osmar Dechiche, o crime foi planejado por um adolescente de 17 anos, conhecido traficante da região.
“Infelizmente Maurício, apesar da idade, já estava envolvido com o mundo das drogas e praticava furtos na vila, o que incomodava o traficante”, disse o delegado.
O adolescente estaria revoltado com Maurício, porque o menino lhe devia 200 gramas de maconha. Há cerca de dez dias, o traficante propôs a Reginaldo e outro morador da vila, de 16 anos, que o ajudassem a matar Maurício e ofereceu 25 gramas de crack como “recompensa”.
Armadilha
O trio armou uma arapuca para a vítima. Na noite de sábado, Reginaldo e o outro garoto passaram a noite com Maurício, usando a droga entregue pelo traficante. “Quando amanheceu, o menino saiu para comprar pão e foi surpreendido pelos assassinos”, contou Dechiche.
O adolescente seguiu Maurício, enquanto o padrasto e o traficante o aguardavam no matagal, ao lado da Rua Getúlio Vargas. Quando o menino percebeu a presença dos dois, logo a frente, resolveu voltar e deu de cara com o adolescente que o perseguia.
“O garoto deu uma pedrada na cabeça de Maurício, que caiu. Em seguida, os três arrastaram a vítima até o mato e a mataram com cerca de 10 facadas”, detalhou o delegado.
Com intenção de destruir os vestígios do crime, os autores tentaram lavar as roupas sujas de sangue, num riacho próximo à casa da vítima. Sem sucesso, tentaram atear fogo nas vestimentas, mas como estavam molhadas, também não conseguiram.
Então abandonaram as roupas, que foram encontradas pela polícia e reconhecidas como sendo dos suspeitos. Como os R$ 2,75 que da vítima portava desapareceram, os detidos responderão por latrocínio (roubo com morte).
Relacionamento violento
Na delegacia, Reginaldo negou participação no crime. Ele já tinha duas passagens pela polícia, ambas por roubo, e ficou cinco anos e oito meses no sistema penitenciário.
“Pelo que apuramos, foi ele que levou o garoto para o mundo das drogas. Como o homem não tinha emprego, obrigava o enteado a praticar furtos para sustentar o vício dele”, contou o delegado Dechiche.
A mãe de Maurício, Paula Silvia de Oliveira, contou que começou a se relacionar com Reginaldo há aproximadamente quatro meses. Ela trabalha como camareira num motel, e não sabia que o filho usava drogas.
Mudança
“Ultimamente o Reginaldo estava agressivo, bateu na própria mãe e começou a ameaçar meus filhos. Por isso, eu já tinha até conversado com o Maurício para a gente se mudar, mas não deu tempo”, lamentou.