A juíza Anne Karina Stipp Amador Costa, da 1.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, começou a ouvir ontem os acusados de participar do chamado caso "Big Brother". Deram sua versão os advogados João Bosco de Souza Coutinho, Michel Saliba Oliveira, José Lagana, e o técnico em informática João Marciano Oddpis, todos presos. Silvio Carlos Cavagnari, também preso, deveria ser ouvido ontem, mas seu interrogatório foi tranferido para hoje, quando também prestarão depoimentos os advogados Jorel Salomão Khury e José Xavier Silva, o analista de sistemas Cláudio Luiz Agner Rodrigues e o publicitário Sinei Geraldo de Oliveira Silva, que estão em liberdade. Eles são acusados de prática dos crimes de formação de quadrilha, estelionato e corrupção.

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Após o interrogatório dos réus, as próximas etapas da ação penal prevê depoimento das testemunhas de acusação, definidas pelo Ministério Público Federal, e então as testemunhas de defesa. Os réus são acusados de tentar utilizar títulos vencidos da Eletrobrás, da década de 60, para obter liminares e resgatar os valores. As prisões foram efetuadas em fevereiro pela Polícia Federal, durante a chamada "Operação Big Brother". A PF investiga ainda a participação dos envolvidos em outras cidades, podendo, inclusive, haver a participação de juízes.

Habeas

Ontem os advogados de defesa dos réus que estão presos e também de Jorel Salomão Khury entraram com pedidos de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em Porto Alegre. A expectativa é que o desembargador Néfi Cordeiro dê hoje seu parecer. Ele negou todos os outros pedidos anteriores.

Todos negam fraude

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João Bosco de Souza Coutinho, Michel Saliba Oliveira, José Lagana e o técnico em informática João Marciano Oddpis negaram, durante o interrogatório, qualquer participação em esquema ilícito e afirmaram que as operações com títulos eram legais. A audiência encerrou-se por volta das 20h30. Apenas João Bosco admitiu ter antecedentes criminais na Bahia e em Goiânia, pelo mesmo delito. Nenhum representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanhou o interrogatório dos colegas. No encerramento da audiência, os acusados criaram um pequeno tumulto, afirmando que não iriam sair da sala da júiza caso a imprensa os estivesse esperando do lado de fora. Depois de muitos protestos eles saíram e para frustração do grupo, não havia nenhum jornalista nos corredores.