Ouvidos acusados de fraude

Pelo menos 22 interrogatórios foram feitos ontem pela Polícia Civil do Paraná, que ouviu os presos e pessoas que possuíam ligação direta ou indireta com os detidos e as empresas relacionadas à Associação Paranaense de Empresários de Obras Públicas, a Apeop, em esquema de fraude de licitações para execução de obras estaduais e municipais no Paraná. A Operação Grande Empreitada, que descobriu as fraudes, manteve ontem o mesmo número de prisões: 19, entre dirigentes da associação, empreiteiros e um funcionário público.

No total, doze detidos prestaram interrogatório à polícia ontem. As secretárias dos acusados também foram ouvidas. Dos interrogados, quatro foram encaminhados para prisão domiciliar – Everson Kravetz, da empresa Contractus e também vice-prefeito de Guaratuba; Flávio Marder e Inácio Colombelli, ambos da empresa Redram, e Joaquim Eleutério Medeiros, contador da Apeop. Os interrogatórios foram mantidos em sigilo pela polícia e encaminhados para inquérito. Até a noite de ontem, todos os presos já haviam sido encaminhados para o Centro de Triagem da Polícia Civil, de acordo com o delegado Sérgio Sirino, coordenador do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) no Paraná.

Mais perguntas

Sirino afirmou ainda que seis delegados acompanharam os interrogatórios e os depoimentos continuam hoje. Segundo informações do advogado de defesa de cinco dos acusados, Roberto Brzinski, apenas um de seus clientes havia sido interrogado ontem – Daniel Pinto Gontijo, da empresa Sicepot, que foi mantido em prisão temporária. O advogado informou que hoje serão ouvidos, entre seus clientes, Emerson Gava (presidente da Apeop), Fernando Afonso Moreira (vice-presidente), Carlos Henrique Machado (também da Apeop) e Gilson João de Amorim (da De Amorim Construtora). "Só ontem à noite – anteontem – tivemos acesso às informações. A prisão foi considerada arbitrária porque não havia necessidade disso. As pessoas nem foram intimadas para prestar esclarecimentos", afirmou. Também serão interrogados hoje Iverson Antônio da Cruz e Luís Antônio da Cruz, ambos da Marc. Construtura.

O advogado Paulo Alarcon, que defende Lucídio Bandeira Rocha Neto, um dos coordenadores da Apeop que serão ouvidos hoje, diz que três promotores do Ministério Público deram parecer favorável ao indeferimento das prisões temporárias e aos mandados de busca e apreensão. "Ou seja, não havia dados concretos nessa investigação para que isso ocorresse", acredita. "Vou impetrar habeas corpus baseado na falta de fundamentação que levou à decisão", posicionou-se.

Interceptações

O delegado Sirino, porém, dá os créditos às gravações telefônicas e de reuniões da Apeop como garantia da efetividade da operação. "As interceptações telefônicas consolidam as provas", disse. Alguns dos trechos se referem à Prefeitura de Curitiba: "Temos que tentar fechar com essas empresas, de um jeito ou de outro (…). Em Curitiba você consegue, sabe como (…), mas na metropolitana – região – não consigo (…).Vocês estão de parabéns por essa concorrência da prefeitura, porque foi complicada pelo volume de empresas que participaram". E outra: "Saíram dois editais, no padrão daquilo que tínhamos solicitado, com lotes de um valor de aproximadamente R$ 500 mil (…). Aqueles que não estavam cadastrados, depois daquela prévia nossa eles nem participaram da visita e nem recolheram caução. O critério que nós usamos também é que a empresa que hoje não é cadastrada participa da concorrência cobrindo para poder participar na outra com cadastro no sorteio". Ontem, a Prefeitura enviou nota à imprensa dizendo que "o prefeito Beto Richa determinou à Procuradoria Geral do Município que solicite imediatamente à autoridade policial cópia de inquérito em que seja citada a Prefeitura de Curitiba".

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