Outro comandante afastado em Londrina

O comandante do pelotão de choque da Polícia Militar de Londrina, tenente Paulo Roberto Silotto, foi afastado do cargo ontem. Enquanto estava no comando, dois jovens perderam a vida em ações policiais. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Segurança Pública, o afastamento de Silotto não tem ligação direta com as mortes, mas foi uma decisão do novo comandante do Batalhão da Polícia Militar em Londrina (5.º BPM), major Marcos de Castro Palma.

 Ele tomou posse ontem, em substituição ao tenente-coronel Manuel da Cruz Neto, que foi afastado do cargo por determinação do governador Roberto Requião, depois do assassinato de Jamys Smith da Silva, 20 anos, crime atribuído a policiais militares daquele batalhão.

De acordo com Palma, outros policiais devem ser afastados nos próximos dias. ?Estamos começando a realizar algumas mudanças por aqui. Essa troca é apenas um primeiro passo. Muita coisa ainda vai ser feita?, declarou Palma. Segundo o major, os critérios usados para determinar os afastamentos de policiais obedecem à filosofia do governo do Paraná de manter uma polícia eficiente, humana e próxima da comunidade. ?Queremos policiais competentes, sérios e honestos. Este é o meu compromisso de trabalho com o governo e com a população?, disse Palma.

Silotto foi afastado ontem de suas funções, entretanto o documento que oficializa a sua substituição ficará pronto apenas na semana que vem, para obedecer aos procedimentos administrativos da Polícia Militar. O nome do novo comandante do pelotão de choque da PM ainda está sendo definido pelo comando da PM local.

Os casos

O primeiro caso de morte enquanto Silotto comandava o pelotão de choque, ocorreu no dia 15 de novembro do ano passado e vitimou o filho do José Carlos da Silva, o ?Zequinha?, ex-zagueiro do Londrina. Rafael Bezerra da Silva, 18 anos, que também jogava futebol, levou os tiros quando fumava maconha com um amigo, numa casa abandonada onde a polícia procurava objetos roubados. Um amigo do jogador contou que os policiais chegaram atirando e só depois fizeram a abordagem. Quando descobriram que Rafael não tinha nada a ver com os furtos, tentaram armar a cena do crime e colocaram uma pistola na mão do jogador.

Na última segunda-feira, José Carlos teve uma audiência pública com o secretário de Segurança, Luiz Fernando Delazari, pedindo providências. ?Nunca pedi afastamento de ninguém. Mas acho que a medida foi acertada. Se uma escola vai mal, o diretor precisa ser afastado. Se uma cidade vai mal, o prefeito precisa ser afastado. O mesmo deve ocorrer com a polícia?, disse.

Mas José Carlos ainda espera por justiça. ?Só vou ficar satisfeito quando os assassinos de farda forem afastados da polícia e estiverem na cadeia?, diz. Para ele, só um comandante enérgico pode evitar que outras vidas se percam. ?Zequinha? comenta que a morte do adolescente Rafael da Silva, 12 anos, poderia ter sido evitada se o comando da polícia tivesse tomado as providências necessárias depois da morte do seu filho.

Rafael Silva perdeu a vida no dia 16 de janeiro deste ano, depois de cair de uma árvore. A mãe do garoto, Silvia Maria da Silva, 55 anos, chamou o Siate para socorrê-lo. No entanto, houve um tumulto no local e a polícia foi acionada. Silvia conta que o policial que atendeu a ocorrência chegou batendo em todos na casa e só parou depois da chegada de um colega. Rafael acabou morrendo no local. 

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