Outra testemunha fala da morte do estudante

Mais uma testemunha do assassinato do estudante Anderson Froese de Oliveira, 18 anos, durante uma abordagem de policiais militares do serviço reservado do 13.º Batalhão, foi ouvida na Delegacia de Homicídios. O estudante morreu com um tiro encostado na cabeça, quando pichava o muro de uma empresa de ônibus, na Avenida Marechal Floriano Peixoto, no Parolin, às 2h15 da madrugada do último dia 2.

O delegado Sebastião Santos Ramos Neto, que investiga o caso, informou que a testemunha é um dos cinco garotos que acompanhavam Anderson naquela madrugada. “Ele relatou o fato com riqueza de detalhes, informando todos os locais em que eles estiveram antes da abordagem de pichar muros com a inscrição PEG”, disse o policial. A testemunha disse que Anderson foi abordado quando começou a pichar o muro.

A versão que os PMs deram no inquérito policial militar e de que os jovens estavam armados, rondando um restaurante na Água Verde. O delegado já ouviu funcionários do restaurante, que não reconheceram os menores. “Eles informaram que vários policiais militares estiveram no estabelecimento depois do fato, levando fotografias do menor que estava com o Anderson e eles não foram reconhecidos. Esta hipótese está completamente afastada”, ressaltou o policial. Ele disse que Anderson vestia blusa bege e a pessoa que rondava o restaurante vestia camisa vermelha.

Negativa

O cabo Afonso Odair Konkel, 26 anos, e o soldado Nilton Hasse, 33, tiveram mandados de prisão preventiva decretados pela Justiça e até ontem continuavam foragidos. O delegado Sebastião informou que mesmo que eles sejam presos, talvez não consigam ouvi-los. “Recebi um ofício do comandante do 13.º Batalhão, informando que não irá apresentá-los porque entende que é crime militar”, disse Sebastião.

O advogado da família de Anderson, Osmann de Oliveira discorda do comandante. Ele cita o Código Penal Militar onde diz que quando militares cometem crimes dolosos contra a vida a competência da investigação é da Justiça comum. “Acreditamos que a investigação da Polícia Civil será mais transparente e sem possibilidade do protecionismo”, ressaltou Osmann. Ele acrescenta que há comentários de que no dia em que foi expedido o mandado de prisão, os dois policiais estavam no quartel e deixaram o local para que a ordem não fosse cumprida. “Não sei se é verdade, mas com certeza alguém os avisou. Até agora eles não foram encontrados. Se fossem pessoas comuns certamente já estariam presas”, frisou o advogado de acusação.

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