Moradores e comerciantes da Vila Torres, no Prado Velho, amanheceram com grande movimentação de viaturas policiais e até um helicóptero na manhã desta quinta-feira (26). Policiais da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), com apoio da Polícia Militar, cumpriram 90 mandados de busca e apreensão em resposta às investigações dos homicídios que aconteceram no ano passado e nestes dois meses de 2015 no local.
Além dos mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão foram expedidos pela Justiça. Além destes quatro mandados, os policiais seguem atrás de outro envolvido nas cinco mortes que ficaram conhecidas como “Chacina do Walmart”. Os procurados são considerados foragidos, mas a Polícia Civil não divulga os nomes.
Foram apreendidas uma arma e pequena quantidade de maconha. Duas pessoas foram presas durante abordagem porque tinham mandados de prisão em aberto, mas não fazem parte dos procurados pela DHPP.
Os policiais fizeram mapeamento dos principais pontos onde os mandados seriam cumpridos e, com o apoio da câmera do helicóptero, conseguiram entrar nas residências. “A nossa intenção, com mais esta etapa do trabalho, foi a de mostrar para a grande maioria das pessoas que moram na Vila Torres, que elas podem confiar e ajudar no trabalho da polícia, até mesmo com denúncias”, explicou o delegado Miguel Stadler, da DHPP.
Os moradores, segundo o delegado, não tiveram reações contrárias ao trabalho realizado. “O que nos motiva a fazer mais operações não só na vila, mas também em outros bairros com incidência em crimes contra a vida”. A polícia, nos próximos dias, deve se manter em maior presença na Vila Torres nos próximos dias.
Os mandados de prisão não foram cumpridos e os suspeitos são considerados foragidos. (Foto: Osvaldo Ribeiro/Sesp) |
Histórico
A “Operação Torres”, como foi chamada, foi uma consequência de diligências policiais em razão dos homicídios na Vila ou fora dali, mas que tenham relação com a disputa entre as gangues existentes na Vila Torres. O estopim foi a “Chacina do Walmart”, no dia 31 de dezembro, quando quatro homens armados chegaram ao estacionamento do supermercado Walmart, na Avenida Comendador Franco (das Torres), e executaram a tiros cinco rivais enquanto colocavam as compras no porta-malas do carro.
Alan e o primo dele, Diego Renato dos Santos, 25, morreram na hora. Eliton dos Santos Moreira, 25, James Robert dos Santos, 28, e Kelvin de Aguiar Pereira, 22, foram socorridos ao hospital, mas morreram horas depois.
Menos de 20 dias depois da chacina, dois homens apontados pela polícia como autores do crime foram vítimas em um tiroteio logo depois de saírem do apartamento onde estavam escondidos, na Rua Brasílio de Lara, no Bairro Alto. Valdecir Cordeiro Macedo, 37 anos, considerado como mandante da chacina, morreu junto com Diego Felipe Pontes Monteiro, 24, – que não tinha relação com a chacina –, e outro apontado como autor, identificado apenas como Rodrigo “Sadam” foi baleado e sobreviveu.
Os policiais da DHPP descobriram a relação entre os dois crimes e prenderam cinco pessoas na BR-277, perto de Ponta Grossa. Segundo as investiga&cced,il;ões, eles faziam parte da gangue da parte de baixo da Vila Torres e, desde a chacina, estavam escondidos em no apartamento próximo ao local do tiroteio no Bairro Alto.
Os cinco detidos na fuga para o interior foram identificados como Alaina Aparecida Cristo de Lima Mendes, Gustavo Cesse Santos, Leonardo Silveira de Lima, Luís Antônio Lima e Viviane Santos Teixeira. Todos tinham antecedentes criminais e dois eram procurados pela polícia.
Saturação
Desde a prisão dos cinco envolvidos na chacina, as policias militar e civil continuaram trabalhando na Vila Torres e prenderam mais de 10 pessoas. “Todos estavam envolvidos, de alguma forma, com a disputa entre as gangues”, disse Miguel Stadler.
Mortes diminuíram na vila. (Foto: Felipe Rosa) |
Os presos no período de janeiro e fevereiro foram flagrados com armas, drogas e outros diversos delitos. “Flagrantes isolados, mas que foram fichados e, por exemplo, armas servirão para os testes de balísticas, pois a maioria das armas apreendidas é de calibre semelhante às que foram usadas nas mortes na vila”, explicou o delegado, que busca solucionar outros homicídios na vila e encontrar os foragidos.
De acordo com a DHPP, o número de mortes na Vila Torres diminuiu relativamente. Em dezembro de 2014 e janeiro deste ano, 12 pessoas foram mortas por ali e, praticamente todos os crimes, mesmo que praticados fora da Vila Torres, como a chacina, tiveram relação com a disputa entre as gangues. Em fevereiro apenas duas mortes foram registradas e, destas, uma pode ter relação com a disputa das gangues.