O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP), deflagrou, na manhã de ontem, a operação Maresias II, que resultou na prisão de 21 pessoas envolvidas com uma quadrilha especializada em tráfico de drogas e homicídios.

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Dentre os presos estão dois policiais civis e três policiais militares. A operação foi realizada nas proximidades da Vila das Torres, em Curitiba, com o intuito de combater o tráfico de drogas na região. Na operação foram apreendidas armas, munições, dinheiro e drogas. As quantidades não foram reveladas pelo Gaeco.

Dentre os presos estava o policial civil Altair Ferreira Pinto, o “Taíco”, que, segundo Alcimar de Almeida Garret, delegado adjunto da Polícia Civil do Paraná, não estava envolvido com o tráfico.

“O “Taíco’ foi preso por outro motivo. O caso dele envolve a posse de munição proibida (9 milímetros). Por isso, a prisão dele não tem nada a ver com o esquema deflagrado pelo Gaeco”, explica. “Taíco” é irmão de Juarez Ferreira Pinto, condenado a 65 anos de prisão pelo crime ocorrido no Morro do Boi, em Matinhos, no litoral paranaense, no dia 31 de janeiro de 2009. Os nomes dos outros envolvidos só serão divulgados após o término das investigações.

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Segundo promotor de Justiça Vani Antonio Bueno, coordenador do Gaeco, os outros policiais envolvidos foram detidos pelo favorecimento ao tráfico na região. “Eles foram presos por corrupção, propina e associação ao tráfico”, disse Bueno.

Dentre os presos está a filha de Taíco, Alessandra Ferreira Pinto, que, segundo o Gaeco, utilizava seu carro para transporte de drogas e mantinha relacionamento com um dos maiores traficantes da região.

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Para o comandante-geral da Polícia Militar do Paraná, Luiz Rodrigo Cartens, os militares presos pela Operação Maresia II sofrerão as consequências do favorecimento ao tráfico.

“O dever do policial militar é coibir o crime e não associar-se a ele. Esses policiais serão responsabilizados por suas condutas e pelo favorecimento, o que permitiu vida longa ao tráfico naquela região”, afirma. “Os dois policiais civis serão responsabilizados pela participação e sofrerão processos administrativos, tais como a exoneração”, frisa Garret. A operação deflagrada ontem é um desdobramento da Operação Maresias, na última semana, que resultou na prisão de 33 pessoas.

Extorsão

No final da tarde de ontem, o Gaeco prendeu mais quatro policiais civis da Delegacia de Estelionato e Desvio de Carga de Curitiba. Segundo o MP, os policiais foram detidos pelo crime de extorsão.

Investigador detido com armas

Mara Cornelsen

Quando interrogado pelo Gaeco, o investigador Altair Ferreira Pinto, o Taíco, explicou a origem das armas encontradas em sua casa. Uma delas é sua, cedida pela Polícia Civil, conforme demonstraram documentos entregues por seu advogado, Nilton Ribeiro.

As duas outras (um revólver e uma pistola) pertencem a um empresário de Matinhos, proprietário de um pesque-pague, e são registradas. Eram usadas pelo guardião do local, que se demitiu e mudou-se para outra cidade.

Temendo deixá-las em local vulnerável, o empresário, amigo pessoal de Taíco deixou-as sob sua guarda, até decidir o que iria fazer com elas. O empresário foi identificado e deverá ser ouvido nos próximos dias.

Quanto à munição apreendida, era antiga e estava guardada no sótão há anos, muitas já oxidadas e com data de validade vencida. Ele as havia comprado para treinamento de tiro, porque a Polícia Civil fornecia munição recarregada para os treinos e não eram eficientes.
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Namoro

Com relação à prisão de Alessandra Paola, filha do policial, o advogado informou que ela namorava Jeferson Napoleão, conhecido como “Pioto”, apontado como traficante, e que também foi preso.

Gravações telefônicas autorizadas pela Justiça estabeleceram a ligação amorosa entre a jovem e o acusado, transformando-a em suspeita. “Ela não pode ser presa por ter escolhido mal um namorado”, afirmou o advogado, que ontem mesmo entrou com pedido de liberdade para ambos.

Taíco está recolhido no Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e sua filha foi levada para Centro de Triagem II. Ela ainda não foi ouvida pelo Gaeco, que não explicou porque divulgou os nomes do investigador e da filha e não dos outros 19 suspeitos presos.