O empresário do ramo farmacêutico Neldir Frare, diretor da empresa Prati Donaduzzi, foi preso na manhã de ontem em Toledo, oeste do Estado, no cumprimento de um dos 14 mandados de prisão da Operação Câmbio Livre. No total, 13 pessoas foram presas. Comandada pela delegada da Polícia Federal em Belo Horizonte Aline Pinto da Silva, a investigação durou seis meses e desmantelou uma quadrilha envolvida em fraudes de licitações de medicamentos e no envio ilegal de dinheiro para o exterior. Além do Paraná, foram cumpridos mandados de prisão em Belo Horizonte e São Paulo.
De acordo com a PF e o Ministério Público Federal (MPF), a organização criminosa operava em dois núcleos, sendo um especializado na fraude a concorrências públicas e outro voltado para a prática de crimes como evasão de divisas, lavagem de dinheiro e atuação de instituição financeira sem autorização. O empresário Alexandre Savi, sócio da distribuidora de medicamentos mineira Farmaconn, foi apontado como o elo entre os dois grupos que formavam o esquema que fraudava as licitações. Savi e a empresa, segundo a delegada Aline Pinto da Silva, eram alvos de investigação desde a Operação Vampiro da PF em 2004, que desarticulou uma quadrilha acusada de fraude em processo de licitação de hemoderivados no Ministério da Saúde.
O grupo investigado pela Operação Câmbio Livre é formado por empresários de laboratórios farmacêuticos, representantes comerciais de medicamentos, doleiros e servidores públicos. Eles combinavam antecipadamente os preços a serem oferecidos nos processos de licitação abertos por prefeituras, secretarias estaduais e entidades públicas para aquisição de produtos farmacêuticos. Ao determinar o vencedor de cada licitação, o bando eliminava a concorrência entre os fornecedores. O esquema contaria com a colaboração de servidores públicos. Em seis meses de investigação, a PF identificou o esquema em 6 de 21 processos de licitação. Os produtos negociados de forma ilegal são estimados em R$ 3,5 milhões. Ao mesmo tempo, a quadrilha organizava um esquema de comércio ilegal de moeda estrangeira e evasão de divisas por meio de duas grandes casas de câmbio em Belo Horizonte. Ambas realizaram 3 mil operações com moeda estrangeira no período de investigação da PF. Aproximadamente o total de R$ 1,5 milhão foi movimentado em contas bancárias nos Estados Unidos e em contas abertas em nome de laranjas no Brasil.
Segundo o delegado José Alberto Iegas, da Polícia Federal de Cascavel, que responde pela jurisdição de Toledo, o cumprimento do mandado de Frare aconteceu no início da manhã. ?Ele foi detido na própria casa, onde também foi apreendido um computador e outros documentos?, explicou.
Frare ficou poucas horas na delegacia em Cascavel e seguiu para Foz do Iguaçu, de onde tomou um vôo com destino a Belo Horizonte. Na capital mineira, ele cumprirá a prisão preventiva. O laboratório Prati Donaduzzi emprega cerca de 2 mil pessoas em Toledo.
O dono da empresa, Luiz Donaduzzi, diz que foi pego de surpresa com a prisão e garantiu a idoneidade da empresa. ?A nossa conduta é de não se envolver com coisas que de longe cheirem fraude. Provavelmente existem empresas que estão envolvidas nessas fraudes e algum respingo pegou na gente, não sabemos. Mas nosso funcionário vai prestar todos os esclarecimentos?, observou.
