Foto: Átila Alberti |
Detentos já tinham aberto buracos na cela. |
Condições insalubres, surtos de sarna e varicela e celas com capacidade para 40 presos sendo ocupadas por 140 homens. Com essas condições, o 7.º Distrito Policial transformou-se mais uma vez em um ?barril de pólvora?, que nos últimos dias começou a explodir. No sábado, onze presos fugiram da cadeia e ontem mais uma fuga em massa foi contida a tempo pela polícia. Em meio a confusão, membros da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa encaminharam ofícios pedindo a interdição da cadeia, que traz ao longo dos anos histórico de fugas, rebeliões e protestos até mesmo por parte da população.
De acordo com a delegada Selma Braga, a fuga aconteceu por volta das 3h de sábado, quando Elias Simões Rodrigues, Joacir Rodrigues, Robson de Carvalho, Marcelo de Moraes, Saul Sanches Peres, André Luiz Chaves Torres, Ismael de Farias, João Vanir da Silva, Elio Lopes, Alexandre Calio Ribeiro, e William Carlos do Nascimento Messias, escaparam através de um buraco feito na parede da cela. Outros detentos também iriam fugir, mas assim que os policiais perceberam o que acontecia, começaram a atirar para o alto e contiveram a debandada.
Na tarde de ontem, os policiais do distrito tiveram nova surpresa. Por volta das 14h entraram na carceragam para fazer vistoria e, além de encontrar vários objetos, como serras e canos, viram outros dois buracos que estavam sendo feitos no chão e no teto. Quando os investigadores descobriram o novo plano de fuga, 60 detentos preparavam-se para ganhar as ruas.
Insalubridade
As fugas teriam sido motivadas pelas condições precárias da carceragem. Na quinta-feira tumultuaram a carceragem, reclamando de insalubridade e as instalações foram visitadas por membros da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa. Ao comprovar as reclamações, o grupo enviou um ofício ao governo do Estado, ao Ministério Público e ao Tribunal de Justiça pedindo a interdição da cadeia. Com capacidade para 40 presos, 140 se amontoam nas celas, o que gerou recentemente surtos de sarna e varicela. O surto de varicela só foi controlado depois que seis presos foram transferidos ao Complexo Médico Penal.
Vizinhos indesejáveis
Patricia Cavallari
Há anos o 7.º Distrito Policial preocupa tanto a polícia quanto os moradores da região. Por haver um colégio ao lado da delegacia, moradores fizeram vários protestos e, em 2003, a carceragem chegou a ser esvaziada. A saída dos presos foi comemorada com fogos de artifícios. Entretanto, não demorou muito para que ela voltasse a ser ocupada. Em uma das fugas, ocorrida em 2005, os presos chegaram a fugir pela escola, onde estudam mais de 1.500 alunos.