Robson Meireles/Gazeta do Iguaçu |
Polícia Militar cercou o cadeião em Foz. |
As rebeliões nos presídios paulistas, que tiveram início na noite de sexta-feira, começaram a se espalhar pelo País. Ontem, presos de quatro delegacias do Paraná se rebelaram. O motim mais grave aconteceu em Foz do Iguaçu, onde os detentos fizeram três presos e um funcionário da Prefeitura, cedido à DP, como reféns. Em Cascavel, Assis Chateaubriand e Toledo a rebelião durou pouco mais de uma hora.
De acordo com os detentos, a ordem veio do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Em Foz do Iguaçu, 270 dos 870 detentos participaram do motim. O cadeião, situado no bairro Três Lagoas, tem dois pavimentos e os presos do andar superior se rebelaram, por volta das 7h de ontem. Armados com estoques, renderam três presos de confiança e um funcionário da Prefeitura, conhecido como ?Sergião?. Quando os presos começaram a se movimentar, a luz e água do presídio foram cortadas, mas isto não inibiu os amotinados. Por volta das 15h, quando a polícia ameaçava invadir o cadeião, os presos amarraram as pernas dos reféns com pedaços de pano e os penduraram de cabeça para baixo, a uma altura de 12 metros, por aproximadamente duas horas. Os presos ameaçaram jogar os reféns caso os policiais invadissem a área. Também jogaram pedras nos policiais que estavam do lado de fora do prédio e no início da noite atearam fogo em colchões.
Segundo informações da Polícia Militar, os detentos que ficam no andar inferior já haviam arrebentado os cadeados e apoiavam seus colegas. O Batalhão de Choque cercou o cadeião.
Negociações
Durante a tarde, o delegado chefe da Subdivisão de Foz do Iguaçu, Márcio Vinícius Ferreira Amaro, e o promotor Denilson tentaram negociar com os presos, que exigiram que o secretário da Segurança, Luiz Fernando Delazari, entrasse em contato com a autoridade paulista, para tomarem medidas em conjunto. Entre as reclamações estão a superlotação (a cadeia tem capacidade para 350 pessoas e abriga mais que o dobro) e a morosidade da Justiça. Os presos alegam que muitos dos condenados já cumpriram a pena, mas continuam recolhidos.
Ontem, a assessoria de imprensa da Polícia Civil de Foz informou que policiais do Grupo Tigre devem chegar hoje pela manhã na cidade, mas a ordem de Delazari é não invadir a cadeia.
Durante a tarde, cerca de 200 familiares de presos se reuniram em frente ao cadeião. Aos gritos, avisavam que estavam bem e que seus parentes não se preocupassem.
Ordens do PCC, dizem rebelados
Em Cascavel, o motim iniciou às 7h. Os 497 detentos danificaram a entrada das celas, fizeram barricadas e bate-grades. Às 8h30, um juiz de Cascavel foi conversar com os presos, que reclamaram da superlotação e pediram chuveiro elétrico. Porém, concordaram em parar o movimento.
Às 15h, iniciaram outras duas rebeliões, simultaneamente, nas delegacias de Toledo e Assis Chateaubriand. Em Toledo, os 140 detentos queimaram colchões e exigiram a presença da imprensa. O fogo foi controlado por homens do Corpo de Bombeiros e os presos alegaram que tudo começou porque foram ?forçados? pelo PCC. Às 16h, se entregaram.
Em Assis Chateaubriand, os 46 detentos alegaram que receberam ordem do PCC por telefone. Eles quebraram portas e grades e atearam fogo em colchões. O movimento se encerrou às 17h.
Nota
A Secretaria da Segurança Pública divulgou nota, negando que foram quatro rebeliões no Estado. Porém, policiais das delegacias de Toledo e Assis Chateaubriand confirmaram os motins. A secretaria também não acredita que as rebeliões estejam ligadas ao PCC, apesar dos presos confirmarem a informação.