O ex-presidente da Federação Paranaense de Futebol – FPF Onaireves Rolim de Moura, 60 anos, alegou que desviou dinheiro da instituição não para seu benefício, mas para salvar a FPF. Também acusou os clubes paranaenses de estarem cientes que o dinheiro não entrava na Federação e não estava indo para penhora, como determinou a Justiça, e sim para a manutenção dos campeonatos no estado.
O interrogatório de Moura, na última sexta-feira, durou cinco horas. Embora o conteúdo seja mantido em sigilo pela polícia, o advogado do acusado, Eliézer Castro Queiroz, revelou algumas alegações da defesa. Ele explicou que as penhoras determinadas pela Justiça somam muito mais que a capacidade de arrecadação da FPF.
Segundo Eliézer, a intenção de Moura, ao desviar dinheiro das arrecadações, era a de manter as contas da Federação, como pagamentos de funcionários, água, luz, telefone e outros gastos, necessários para mantê-la em atividade e não inviabilizar os cerca de 50 campeonatos de todas as bases – do profissional ao amador – mantidos no estado.
Prisão
Moura e outras oito pessoas foram detidas no último dia 6, pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos – Nurce. Para os desvios, algumas empresas foram criadas, como, por exemplo, a Comissão Fiscalizadora de Arrecadação – Comfiar. Moura justifica que os clubes estavam coniventes com o desvio, porque aprovaram a criação e atuação da Comfiar. O único que se absteve da decisão de criar a comissão teria sido o Atlético Paranaense.
Além de Moura, foram detidos Cirus Itiberê da Cunha, 57, José Johelson Pissaia, 59, Carlos Roberto de Oliveira, 62, Marco Aurélio Rodrigues, 37, Laércio Polanski, 47, César Alberto Teixeira de Oliveira, 43, Vanderlei Manoel Ignácio, 45, e Roberto Tiboni, 54. No domingo, as prisões temporárias deles foram prorrogadas por mais cinco dias, prazo que termina na próxima quinta-feira.
Atlético nega participação no esquema
O Atlético não aceita a acusação de ter sido conivente com os desvios da FPF. Segundo o advogado Gil Justen Santana, que representa o clube em arbitrais e reuniões da FPF, o Furacão não votou a favor da criação da Comfiar. ?O Atlético sempre adotou a postura de se abster de votar?, afirma.
Santana diz que o clube da Baixada sempre preferiu a abstenção a votar contra os atos de Moura. ?Não adiantava nada ficar batendo boca com ele. A briga do Atlético era muito maior. Como em qualquer outro ato, não reconhecemos as decisões dessa diretoria?, defende o advogado.