A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) solicitou ontem às autoridades sanitárias e de segurança explicações sobre a morte de um detento no 11.º Distrito Policial de Curitiba, na Cidade Industrial de Curitiba. De acordo com a secretária da comissão, Isabel Mendes, uma visita ontem ao local para atualização de dados sobre a superlotação do sistema carcerário constatou uma situação ?mais que desumana?. A comissão denunciou, além do excesso de presos, calor excessivo, falta de saneamento e higiene, além do risco de infecções, como a que matou o detento, por demora no atendimento.
Segundo a comissão, outros dois presos que estavam na mesma cela também foram internados com os mesmos sintomas do detento Leandro Alves Sampaio, de 24 anos, morto no final de janeiro. De acordo com Isabel, o preso chegou a ser atendido num posto de saúde, que o encaminhou para o complexo médico penal. A autorização, porém, não foi emitida em tempo. ?Ele acabou sendo levado para o Hospital do Trabalhador, mas não resistiu?, conta.
O local, que comporta 48 presos, abrigava ontem 156. ?Nos cubículos, há água escorrendo pelas paredes e as fossas estão vencidas há dois anos, ocasionando um cheiro insuportável. Eles só têm uma torneira e um buraco para fazer as necessidades, ocasionando um odor insuportável, em uma temperatura que deve chegar perto dos 45 graus. Todos estão cobertos por feridas; não tem sol, nem banho. Quase não tem ar?, descreveu a advogada.
De acordo com Isabel, os funcionários da delegacia não entram sem máscaras no recinto dos presos, temendo contrair doenças. Ela explica que as autoridades policiais já informaram o caso à Secretaria de Estado da Saúde e pediram uma junta médica e uma equipe de sanitaristas para avaliar a situação na delegacia. A Secretaria de Segurança Pública foi contatada, mas só se pronunciará hoje sobre o caso.