De janeiro a setembro, foram apreendidos 864 caça-níqueis pelos distritos policiais de Curitiba. O número médio de apreensões por mês, de 96 equipamentos, supera o alcançado no ano passado, que foi de 50. As apreensões resultam de denúncias e de investigações. Antigamente, os equipamentos eram encontrados em bares e outros tipos de comércio. Agora, grupos responsáveis montam locais específicos para as máquinas e atrair clientela fiel. Não estão no levantamento apreensões feitas por outros grupos especiais, como o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope).
Ficou mais difícil encontrar grandes locais repletos de máquinas. Se a casa for fechada pela polícia, o prejuízo é maior. “Hoje fica mais escondido, em locais com câmeras e olheiros”, explica o delegado Valmir Soccio, chefe da Divisão Policial da Capital. Ele explica que a maior parte das denúncias vem pelo telefone 181, em que o denunciante não é identificado. Muitas delas são feitas por familiares de pessoas que ficaram viciadas em jogo e não sabem mais lidar com o problema.
Iludidos
O jogo de azar não é crime, e sim contravenção. As penas são brandas e, por isto, não inibem quem pretende entrar neste mundo. O dono das máquinas assina termo circunstanciado de infração penal. Posteriormente, vai até o Juizado Especial Criminal para uma audiência. “Dificilmente vai alguém preso por razão de contravenção”, comenta Soccio.
“Vejo como um comércio ilegal, como a pirataria. As penas são brandas, o investimento é baixo e isso encoraja as pessoas. Muitas vezes são colocados laranjas, uma pessoa que ainda não foi autuada para tocar o negócio”, opina o delegado-chefe o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Alexandre Macorin.
Ele conta que os caça-níqueis continuam movimentando muito a área dos jogos de azar, mas que os bingos clandestinos ganham cada vez mais espaço em Curitiba e região. “Nos bingos, o investimento é pequeno. Bastam algumas cadeiras, mesas, sistema de som, roleta. A recuperação do dinheiro vem de forma rápida. E existe um público cativo, por mais que se mude de lugar”, relata Macorin.