Vinte e oito suspeitos de integrar uma célula do Primeiro Comando da Capital (PCC) no oeste do Paraná e que usavam músicas para difundir a doutrina da facção criminosa foram detidos ontem (04). O bando roubava veículos, que eram trocados por drogas e armas na fronteira com o Paraguai. Os marginais também extorquiam as vítimas e tentavam passar drogas e celulares em latas de sardinha e potes de margarina para comparsas presos.

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A Operação foi feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, em conjunto com o 19.º Batalhão da Polícia Militar de Toledo, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), de Curitiba, além de policiais civis. Os 23 mandados de prisão foram cumpridos em Palotina, Foz do Iguaçu, Cascavel e Assis Chateaubriand.

De acordo o 19.º BPM , 23 adultos foram presos, seis por receptação, dois por porte de arma, dois por adulterar placas de veículo usado em roubo, quatro por roubo e nove por tráfico. Três adolescentes foram apreendidos por tráfico e dois, por receptação. A ação é um desdobramento de outra, que deteve 13 pessoas na semana passada. As investigações do Gaeco, que começaram em fevereiro, descobriram que o grupo usava o estilo musical rap para difundir a doutrina da facção.

Cédulas

De acordo com nota do MP, a quadrilha atuava em diversas células. Uma delas era liderada por Rodrigo Elias da Conceição, também conhecido por “Cinzento”, “Gustavo”, “Fabrício” ou “Wesley”. Quando as investigações começaram, Rodrigo estava preso em Palotina, de onde comandava o roubo de veículos. Hoje, ele cumpre pena em Foz do Iguaçu.

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Os carros roubados eram levados para Guaíra e ficavam sob a guarda de Alessandro Carvalho Marques, o “Bugão”. Com placas frias, os veículos eram levados para o Mato Grosso do Sul para ser trocados por drogas e armas na fronteira. Alessandro já estava preso. Vanderlei da Silva Brasil, o “Dele”, era responsável pela logística na fronteira. A PM ainda estimava prender mais 24 suspeitos.

Música pra ensinar bandidos

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O divulgador da facção era Miguel Henrique Marques Fante, o “Miguel Fante MC”, uma espécie de soldado do crime. Para difundir a doutrina da quadrilha, ele criou o grupo de rap “Versão Criminal” que faz apologia ao crime pelo blog rapcascavel.musicblog.com.br. De acordo com a PM, as músicas ensinam como um criminoso deve agir.

O “Versão Criminal” também está nas redes sociais como o My Space, onde é possível assistir vídeos e ouvir músicas como “O latrocínio é só o começo”, “O crime não compensa” e “o Barato é Loko”. Em outro site, que hospeda as músicas, o “Versão Criminal” é descrito como um grupo de Cascavel que relata em suas letras o cotidiano vivido pelos “menos desfavorecidos que vivem nas cadeias e favelas e bairros do Paraná”.

Garotas

No You Tube, a versão de “O latrocínio é só o começo” havia sido exibida 692 vezes até a tarde de ontem. Um trecho da música, com vozes de rapazes e moças, diz: “Tiro na cabeça. Tem sangue na porta. Não. Tranca no banheiro. Refém já tá morta. Cata a joia. Dinheiro dos boy. Não deixa um só. Pega outro pente e recarrega a Jericó (pistola). Acaba com as testemunha. Só pega sem dó”.