Novo júri para caso Evandro

Um dos casos que mais chocou o Paraná nos últimos anos, volta à tona. Está marcado para o próximo dia 16 de abril o julgamento de mais dois acusados de assassinarem o garotinho Evandro Ramos Caetano, 6 anos, crime ocorrido em Guaratuba, em 1992, num suposto ritual de magia negra. Desta vez, quem senta no banco dos réus são Airton Bardelli dos Santos e Francisco Sérgio Cristofolini. O júri será presidido pelo juiz Rogério Etzel. Na defesa, atuarão o advogado Matheus Gabriel Rodrigues de Almeida (advogado de Airton Bardelli) e Haroldo César Nater (defensor de Sérgio Cristofolini); e na acusação, os promotores de Justiça Lúcia Inez Giacomitti Andrich e Paulo Sérgio Markowicz de Lima.

Ao todo, são sete os acusados pela morte de Evandro. Três deles foram condenados, em abril do ano passado, em júri popular que durou seis dias. O pai-de-santo Osvaldo Marcineiro, 43 anos, e o pintor Vicente de Paula Ferreira, 54, foram apenados com 20 anos e dois meses de reclusão, por homicídio triplamente qualificado (mediante promessa de paga, contra menor de 14 anos impossibilitando a defesa da vítima e com aspectos de crueldade, já que a morte foi por asfixia); seqüestro e cárcere privado. O artesão Davi dos Santos, 42, foi absolvido do crime de seqüestro, mas culpado pelo homicídio. Sua pena foi estipulada em 18 anos e oito meses de reclusão.

As duas outras acusadas, Celina Abagge e sua filha, Beatriz Abagge (na época o marido de Celina, Aldo Abagge, era prefeito de Guaratuba), foram submetidas ao mais longo julgamento já realizado pela Justiça paranaense, em abril de 1998. Após 36 dias de trabalhos no fórum de São José dos Pinhais (o júri não pôde ser realizado em Guaratuba por causa da comoção popular), mãe e filha foram absolvidas. O corpo de jurados não se convenceu que o cadáver de criança, encontrado em Guaratuba, era o de Evandro. A promotoria recorreu, o júri foi anulado e elas deverão ser submetidas a novo julgamento, em data ainda a ser marcada.

Acusação

Segundo a acusação, o pai-de-santo Osvaldo foi morar em Guaratuba, em janeiro de 1992, e montou uma tenda de búzios no Mercado Municipal da cidade. Lá, ele teria conhecido Celina e Beatriz Abagge. No mês seguinte, passou a atendê-las em casa, ficando íntimo da família.

Em abril do mesmo ano, mãe e filha teriam encomendado um trabalho "espiritual" para melhorar a situação financeira da família, pois a serralheria dos Abagge enfrentava dificuldades financeiras. Pelo serviço do pai-de-santo as mulheres teriam pago 7 milhões de cruzeiros (moeda da época) para Osvaldo e Vicente de Paula. Para que o ritual tivesse resultado era necessário que uma criança fosse sacrificada dentro da serralheria. Para isto – sempre de acordo com a acusação -, Airton Bardelli dos Santos, que era auxiliar de contabilidade da Prefeituram teria construído uma "casinha" para abrigar a o "oferenda". Tal oferenda seriam as partes do corpo da criança.

No dia 6 de abril de 1.992, Celina, Beatriz, Osvaldo e Vicente saíram em busca da criança, quando teriam encontrado Evandro próximo a uma escola. Eles teriam seqüestrado o menino, amarrado e o mantido a criança amordaçada até a noite seguinte. Evandro teria sido morto por asfixia mecânica e tido o pescoço cortado, bem como as orelhas, mãos e dedos dos pés amputados. Com uma faca de pequeno corte, os acusados teriam aberto o tórax do garotinho e retirado seus órgãos e vísceras. O resto do corpo teria sido enterrado num matagal.

Inocentes

Ao contrário do que diz a acusação, os sete citados como autores negam, terminantemente, qualquer envolvimento com o caso. Em lágrimas, por inúmeras vezes alegaram inocência, assegurando terem sido vítimas de uma trama política. Até mesmo a polícia contribuiu para que a morte de Evandro sempre estivesse envolta em uma sombra de dúvida. O caso começou a ser investigado pela Polícia Civil, que durante semanas não chegou a nenhuma conclusão. Depois, a Polícia Militar assumiu as investigações, e em poucos dias prendeu os sete acusados. No dia seguinte às prisões, os cinco homens chegaram a confessar o crime diante da imprensa. A mulheres não. Posteriormente, os sete passaram a dizer que foram brutalmente torturados até admitir a autoria do delito. As Abagge revelaram, inclusive, terem sido violentadas sexualmente.

"Caixinha" também é réu em PG

Acusado de tentar matar um rapaz, após um desacerto de programa sexual, Arlindo Alves Quadros, mais conhecido como "Caixinha", 56 anos, sentará no banco dos réus às 13h30 do próximo dia 19 de abril, no Tribunal do Júri de Ponta Grossa.

De acordo com a acusação, Arlindo se dirigiu ao campo de futebol para fazer um programa sexual, mediante pagamento. Porém, houve um desacerto e Arlindo teria sacado um revólver e atirado contra Osni dos Santos, 29, acertando sua barriga. Na época, a vítima foi hospitalizada e seu irmão, de 17 anos, que teria presenciado o crime, se dirigiu à delegacia para registrar queixa. Em seus depoimentos, Arlindo negou a autoria e alegou não conhecer a vítima que, por sua vez, o reconheceu como autor do disparo. Na época o caso repercutiu na cidade de Ponta Grossa.

Negativa

O advogado Matheus Gabriel Rodrigues de Almeida, que defende Arlindo, informou que sua tese será a de negativa de autoria. Ele adiantou que irá alegar a nulidade do reconhecimento. "De acordo com o Código de Processo Penal, a vítima, ou testemunha, tem que descrever o autor, que posteriormente é colocado em sala separada, onde não pode ser vista pelo acusado, para fazer o reconhecimento. Nada disso ocorreu. O Osni simplesmente apontou para o Arlindo e disse foi ele", explicou o defensor. Ele disse que os dois jovens que teriam visto Arlindo atirar em Osni nunca foram ouvidos em juízo porque não foram localizados, apesar de um deles ser irmão da vítima. "O Osni alega que não sabe o paradeiro do irmão, que agora já atingiu a maioridade", salientou o defensor.

O júri popular será presidido pela juíza Vânia Maria da Silva Kramer. Na acusação atuará a promotora Suzane Maria de Carvalho do Prado Patrício.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo