Após cinco dias de tensão, com tentativas de fuga e rebeliões, no fim da tarde de ontem, nove presos da carceragem do 9.º Distrito Policial (Santa Quitéria), saíram pelo telhado e correram para a Avenida Iguaçu, atravessando o campo de mato alto ao lado do distrito. Buracos foram abertos em três das quatro celas, com capacidade para 16 presos, mas que abrigavam 74 homens. Quatro policiais e um delegado, que faziam a guarda da carceragem, conseguiram conter os demais presos. Porém só não foram dominados novamente por causa do reforço enviado pela Polícia Militar e Centro de Operações Policiais Especiais (Cope).
Policiais fecharam avenidas e patrulharam a vizinhança por cerca de duas horas. Às 20h, já recapturaram cinco fugitivos. Dois deles invadiram uma Kombi, em um posto de combustíveis, a duas quadras do distrito e tentaram se passar por trabalhadores. Entretanto, os policiais perceberam que, no veículo, apenas a dupla estava descalça. Em seguida, outros três foram encontrados nas proximidades, mas até às 22h, quatro continuavam soltos.
Relógio
De acordo com o delegado José Sudário da Silva, há quase uma semana a carceragem está prestes a explodir. “Não conseguíamos entregar nem a comida para os presos, quando mais fazer o resto dos trabalhos da delegacia. Eles se agitaram por causa da superlotação. No domingo impedimos fuga, por um grande buraco aberto em uma das celas. Desde segunda-feira, ameaçavam nova evasão”, explicou Sudário.
O delegado aguardava reforço do Cope para conter a revolta, mas duas operações na região metropolitana atrasaram as equipes. “A fuga aconteceu meia hora antes da chegada do reforço programado”, disse o delegado. Sudário relatou que os problemas aumentaram desde setembro. Depois das interdições de outros distritos, o 9.º DP passou a receber mais presos. “Antes, eram 25 ou 30 detidos. De dois meses para cá, passamos a ter mais de 70. O ‘coração de mãe’ uma hora explode”, definiu. Ele também comentou que a estrutura do prédio está bastante precária.