Funcionários saem antes do horário, para não correr o risco de serem assaltados. |
Até pouco tempo, o Alto da Rua XV era considerado um bairro nobre e tranqüilo. Atualmente, para comerciantes, o local está bastante perigoso: lugar de assaltos e golpes, principalmente na região do PolloShop. Em relação à freqüência desses crimes, a resposta é unânime: ?É direto?.
?No dia que entrei, em março, fui assaltada e o homem que me assaltou passa aqui todo dia e ainda olha para dentro. O ponto de ônibus aqui também é perigoso. Tenho que sair 15 minutos mais cedo, para não ter que ficar esperando, senão sou assaltada?, conta a vendedora Flávia Lima, da Pijamolândia.
Outra vendedora da mesma loja conta o golpe que quase todos os vizinhos de loja vêm sofrendo. ?O homem liga e diz, chamando você pelo nome, que é para levar a mercadoria em tal lugar e aí assalta. Já fez isso com três pessoas. Ou então pede dinheiro, dizendo ser conhecido. O rapaz é moreno, de olhos verdes, cabelo crespo, bem vestido?, lembra Roceli de Souza.
A vendedora da loja vizinha também conta o golpe que recebeu e que o mesmo autor passou na sorveteria ao lado. ?Chegou dizendo que precisava que eu quebrasse um galho para ele, porque a empregada estava com problemas e que ele era cliente e tal. Fez a mesma coisa, dizendo conhecer o dono da sorveteria e que ele havia pedido para tirar uma quantia do cofre e dar a ele?, conta Gelta Amorin.
A quantidade de assaltos desanima as funcionárias da lotérica da região. ?Está insuportável. Quarta, dia 20, fomos assaltados por quatro homens armados. Esta quinta, novamente por dois. Precisamos de segurança?, reclama Márcia Klug. Ela conta ainda que os assaltantes chegam, apontam uma arma, rendem as funcionárias e levam muito ?dinheiro vivo?, nem se incomodam que uma das caixas estejam grávidas. O da última semana foi o terceiro assalto no ano. Segundo ela, já houve épocas em que ocorria um assalto por mês. ?A gente liga para a polícia, mas não sei. Não se vê ninguém por aqui. Clientes do banco ao lado sempre vêm reclamando que acabaram de ser assaltados. Estamos com medo?, diz Márcia. Ligar para a polícia não é a única medida. ?Já fizemos até passeatas para colocar policiamento. Hoje só tinha guarda aqui, porque de manhã vieram fazer uma reportagem com eles?, conta Roceli de Souza.
O delegado da Delegacia de Furtos e Roubo, Rubens Recalcatti, confirma que as ocorrências da região têm sido constantes. ?Faço operações e diariamente desloco uma equipe para atender a região do Cristo Rei, Juvevê e Alto da XV. São roubos a transeuntes, assalto na farmácia, assalto na lotérica, mas o trabalho preventivo quem faz é a Polícia Militar?, explica. De acordo com o regimento da Polícia Militar na região, esse trabalho, assim como a presença da polícia, de fato existe. ?Temos um trabalho de intensificação de policiamento. Claro que não temos um policial em cada esquina do bairro, mas tem uma equipe, cerca de 52 policiais, que atende toda a região leste da cidade?, afirma o capitão Lorival da Cunha Sobrinho.