Na comemoração de um ano de execução do programa Narcodenúncia – 161, desenvolvido pelas secretarias da Justiça e Cidadania e da Segurança Pública do Paraná, o projeto ganhou dimensão nacional. A solenidade realizada ontem na Assembléia Legislativa marcou o aniversário e a implantação definitiva do número 181 para atender os telefonemas anônimos de denúncias sobre narcotráfico nos estados que implantarem o programa.
O Mato Grosso do Sul foi o primeiro a formalizar sua adesão. Mato Grosso, Bahia, Rio Grande do Norte, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul também estão em negociação para implantação do projeto. O Paraná vai ceder o software e cada estado vai instalar uma central para receber as chamadas de denúncias. “A tecnologia desenvolvida vai permitir uma integração e troca de informações para que um traficante que saiu do estado com a droga seja apreendido em outro estado conveniado”, disse o major Jorge Costa Filho, coordenador no Paraná do projeto 181 – Narcodenúncia.
O atendimento pelo 161 vinha ocorrendo de forma gratuita à população do Paraná, devido a um acordo entre governo e Brasil Telecom. Com a nacionalização do programa, o governador Roberto Requião conseguiu da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a criação do prefixo 181 para que a gratuidade das ligações fosse mantida. As ligações são anônimas e a central de atendimento não grava o número do telefone e não identifica o denunciante.
Assim como acontece no Paraná, nos outros estados que estarão se integrando para tornar o 181 um número único para denúncias sobre tráfico de drogas, o gerenciamento do programa fica a cargo da Polícia Militar. São os policiais militares ou funcionários civis que recebem, por telefone, as denúncias, que posteriormente são repassadas para os órgãos competentes para dar continuidade ao trabalho. Também integram o sistema as polícias Civil, Federal e Rodoviária Federal. “Temos que ter em mente que sem essa somatória de esforços não conseguiremos chegar a resultados satisfatórios”, afirmou o major Jorge Costa Filho.
O Mato Grosso do Sul enviou representantes das secretarias da Justiça e Segurança Pública ao Paraná para formalizar o convênio com o Narcodenúncia. De acordo com o major Messias Lima de Mesquita, aquele estado sofre por constituir um corredor do narcotráfico entre a Bolívia e Paraguai para o Brasil. Com a denúncia anônima, ele acredita que será possível mapear a rota da droga.
O tenente-coronel Luiz Ditsuo Komari disse que atualmente as apreensões de droga no MS são muito escassas, porque a polícia não sabe exatamente onde ela está sendo distribuída. Com o Narcodenúncia, ele acredita que será possível identificar o ponto onde a polícia deve atuar.
Balanço
Em um ano de funcionamento do Narcodenúncia no Paraná, foram apreendidas mais de 45 toneladas de maconha e cocaína e mais de 50 mil pedras de crack. Nesse período foram presas mais de 2 mil pessoas entre homens, mulheres, meninos e meninas suspeitos de tráfico. O secretário da Justiça do Paraná, Aldo Parzianello, antevê no futuro a criação de um Narcodenúncia para o Mercosul.