Para uma das alunas, a aula foi ainda mais especial. Ela faz tratamento para combater a Síndrome do Pânico, há quatro anos. “Eu nunca consegui bater em ninguém e não conseguia reagir. Eu travo. Acho que minha reação agora será diferente, não tenho mais medo de bater”, garante a mulher, de 48 anos.
Assim como ela, muitas alunas mudaram suas vidas. Vítimas de violência doméstica abandonaram os maridos, e mulheres conseguiram reagir a assaltos e sequestros relâmpagos, com agressores desarmados. “É um curso terapêutico. Não funciona a técnica se ela não tem capacidade de enfrentar o medo”, afirma.
Dor
Bater também dói. Do início ao fim do curso, as mulheres recebem apoio de uma fisioterapeuta e precisam de relaxantes musculares. No dia seguinte, a dor é intensa, mas a segurança e a confiança adquiridas superam qualquer sequela física. Se quem bateu sente dor, deduz-se que os “sparrings”, então, ficam destruídos. Um dos mais antigos, Gabriel Loja Guimarães, explica que não é bem assim. “A gente é muito bem preparado para lidar com esse tipo de situação. Estudamos biologia, anatomia, primeiros socorros, e treinamos há muitos anos. Conseguimos assimilar a dor e, com a técnica, aprendemos a não nos machucarmos”.