No mesmo dia que um de seus cinco filhos completava 20 anos, o músico João Ademir Alves Portela, 52, conhecido por ?Chicão?, foi brutalmente assassinado. Por volta das 15h de ontem, o garoto viu o pai estendido no quintal da casa onde moravam – morto com seis tiros à queima-roupa.
No início da tarde, a vítima saiu de casa, na Rua Ignácio Wacheski, Umbará, acompanhada de outro filho, Cristiano, 26. Juntos, foram até um terreno descampado, no mesmo bairro, para praticar o esporte favorito de ?Chicão?: laçar bois, montado em seu cavalo crioulo. Horas depois, pai e filho retornaram para casa, onde estava o resto da família. ?Chicão? caminhava pelo quintal, quando um indivíduo, em uma moto Twister azul, bateu no portão da propriedade e perguntou quem era o músico. A vítima acenou e mandou que o desconhecido entrasse. Sem dizer qualquer palavra, o homem se aproximou e começou a atirar. A vítima tentou se defender e segurando a arma, mas foi atingida por seis tiros. Os vestígios da pólvora nas mãos de ?Chicão? indicavam a tentativa de salvar a própria vida. Cristiano e o filho aniversariante assistiram à morte do pai e tentaram socorrê-lo, mas o homem morreu na hora. Policiais militares foram chamados e fizeram algumas buscas na região, mas o criminoso não foi encontrado. Pouco tempo depois, vizinhos e amigos de ?Chicão? foram até a casa para consolar a família.
Carreira
O que intriga os investigadores da Delegacia de Homicídios é o motivo do crime. Descarta-se a hipótese de latrocínio (roubo com morte) e a família desconhece a existência de qualquer inimigo, pois ?Chicão? era um músico conhecido e muito benquisto entre grupos de vários Centros de Tradições Gaúchas (CTGs). Ele já tinha cinco CDs gravados, nos quais cantava e tocava gaita, e preparava-se para lançar o sexto disco. Ganhava a vida promovendo shows com outros grupos musicais em festas e rodeios, e era o responsável pela administração do CTG Planalto das Araucárias, além de laçar bois e criar cavalos por esporte.
Pelo menos dois filhos e noras moravam com ?Chicão? e ele ainda preocupava-se com a educação da filha, de quem custeava os estudos na Inglaterra. ?Meu pai era respeitado e muito conhecido por seu trabalho. Não tenho idéia porque foram fazer isso com ele?, disse Cristiano.