Mulher que matou enteada vai a júri popular

O julgamento da doméstica Andréia de Freitas, 28 anos, que confessou, há quase dois anos, ter assassinado sua enteada, a garotinha Gabriela Moreira dos Santos, de 7 anos, começou com uma hora de atraso. Até o final da tarde as testemunhas ainda prestavam depoimento. A previsão era que a sentença fosse anunciada de madrugada pelo juiz Fernando Ferreira de Moraes, da 1ª. Vara do Tribunal do Júri. A mulher passará pelo crivo dos sete jurados, todos homens, escolhidos através de sorteio. Andréia voltou a admitir que praticou o crime, só que desta vez não disse que o motivo foi ciúmes de seu marido e pai da criança, como havia alegado no inquérito policial. Ela simplesmente disse: ?Não lembro?.

O pai de Gabriela e ex-amásio de Andréia, Valdeci Gonçalves dos Santos, 24, lembrou que no dia em que sua filha foi morta, não desconfiava que sua amásia seria a autora do brutal assassinato, mas que lhe chamou a atenção o fato de Andréia não derramar uma lágrima. ?Até os policiais que não conheciam minha filha choraram e ela ficou sentada em uma cadeira?, recordou. ?Ela foi tão fria que só confessou nove horas depois que o corpo foi achado?, ressaltou. Segundo ele, Andréia jamais apresentou algum tipo de distúrbio mental, durante os três anos em que o casal conviveu. ?Minha filha sempre morou com a gente e a Andréia nunca desferiu um tapa na Gabriela?, relatou.

Teses

O promotor Marcelo Balzer Correia deverá pedir a condenação de Andréia.

De acordo com o advogado e professor Luiz Antônio Martins Barbosa Júnior, a defesa irá alegar a inimputabilidade de Andréia. Uma das testemunhas ouvidas foi o médico psiquiatra da Penitenciária Feminina do Paraná, Renato Rocco, que forneceu laudo, dizendo que Andréia aparentava retardamento mental. O laudo foi contestado pelo juiz, devido ao exame realizado no Instituto Médico-Legal (IML), na época do crime, que registra que Andréia não tinha nenhum desvio mental.

Crime

Na manhã daquela segunda-feira, Gabriela teria derrubado uma lata de óleo queimado no chão. Isso fez com que a madrasta jogasse a criança contra o piso. Gabriela estava descordada quando foi puxada para um pequeno cômodo e ferida com 98 golpes de faca. Após o crime, a madrasta trocou a roupa, trancou a casa e foi trabalhar.

Filha na prisão

Andréia estava grávida de Valdeci na época do crime e a menina nasceu na penitenciária em 1.º de setembro. Ele contou que foi visitar a criança várias vezes na prisão e não sabe se um dia pretende pedir a guarda da menina. ?Não vou visitá-la há oito meses, porque é muita burocracia. É horrível ir naquele lugar.?

Casado novamente, há um ano, Valdeci diz que ainda não parou para pensar no futuro da criança.

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