Dizendo a uma vizinha estar cansada de apanhar do marido, que bebia e estava desempregado, a dona de casa e crocheteira Neuza da Silva matou o companheiro a facadas e fugiu com o filho mais novo. O crime aconteceu em 1991 e Neuza, que responde em liberdade pela acusação de homicídio, será julgada hoje.
Na noite de 21 de junho daquele ano, o borracheiro Miguel da Silva Machado, na época com 38 anos, chegou em casa tarde da noite. De acordo com os depoimentos reportados no processo criminal, o homem estava bastante bêbado e fez ameaças a Neuza – o que seria uma triste rotina na vida da família. Desempregado, Miguel teria sucumbido ao vício da bebida e não conseguia trabalho há meses. Para sustentar a casa, Neuza fazia trabalhos em crochê e freqüentemente pegava comida ou dinheiro emprestado com parentes.
Naquela noite, Neuza reagiu. Ela teria sido agredida e ameaçada por Miguel, que chegou a sacar uma faca dizendo que ia cortar a cabeça da mulher. Neuza foi mais rápida, tomou-lhe a arma e acabou desferindo vários golpes no peito do marido, deixando inclusive a arma cravada no corpo. Em seguida, ela pegou o garoto de três anos – mais novo dos três filhos do casal – e fugiu, mas antes avisou uma vizinha que morava no mesmo terreno, na Rua Emílio Romani, Vila Verde (CIC). Para a vizinha, ela disse simplesmente que estava cansada de sofrer e que fugiria para escapar do flagrante, para depois se apresentar à polícia.
Neuza, atualmente com 48 anos, será julgada a partir das 9h. Na defesa da ré está o advogado Marcelo Boldori e na acusação atua o promotor Celso Luiz Peixoto Ribas. O júri será presidido pelo juiz Fernando Ferreira de Moraes.
Policial
O julgamento do policial civil Osvaldo Alves da Veiga, que começou ontem às 9h, terminaria somente por volta da meia-noite. Veiga responde, em liberdade, por homicídio, ocorrido em outubro de 1990, quando ele baleou um rapaz acusado de furto no Cajuru.