Uma mulher, de 33 anos, que se passava por taróloga sensitiva, médium e vidente não previu que seria presa, ontem pela manhã, na sua casa e consultório espiritual, no Batel. Danielle Gaich Nicolitz é suspeita de estelionato e formação de quadrilha. A polícia chegou até a suspeita, depois que um casal procurou a RPC-TV contando que havia pago R$ 381 mil por consultas espirituais.
Além da taróloga Dani, como era chamada, policiais da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (DEDC) prenderam o marido dela, C.E.Y.J., e D.S., 62, presidente do Conselho Mediúnico do Brasil e Federação Paranaense de Umbanda e Cultos Afro-Brasileiro (Cebras), entidade à qual a taróloga era filiada. Também foram expedidos mandados de prisão temporária, com validade de cinco dias, contra a mãe de Danielle e o sogro dela. Os dois estão foragidos.
Segundo o delegado Marcelo Lemos de Oliveira, as prisões foram possíveis porque a emissora levou a denúncia à delegacia. As sessões de Danielle ocorriam em sua residência, na Rua Gonçalves Dias. A casa, avaliada pela polícia em R$ 2 milhões, pertence à família da taróloga, que segue a cultura cigana. Na frente da casa, havia um banner estampando seus serviços, que rapidamente foi retirado da fachada. Os investigadores também cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do presidente da Cebras e na sede da federação, na Praça Zacarias, centro.
Reprodução/RPC-TV |
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Danielle foi presa com o marido e com o presidente de Conselho. |
Discriminação
Ontem à tarde, parentes de Danielle e C.E. estiveram na DEDC, onde aguardavam a chegada do advogado da família. “Já tivemos muitos problemas em relação ao fato de sermos ciganos. Temos que saber se ela foi presa porque houve crime ou pelo fato de sermos ciganos”, disse um familiar que preferiu não se identificar. Ele citou o caso de Vera e seu filho Pero Petrovich, que foram inocentados da morte da menina Giovanna dos Reis Costa, 10, assassinada em 2006.
Contrato desfeito
A quadrilha é suspeita de aplicar golpes em outros países, como Portugal, e desde 2009 era investigada pela polícia, segundo informou o delegado Marcelo Lemos de Oliveira. De acordo com reportagem da RPC-TV, a denúncia partiu de uma arquiteta, que contratou a taróloga, em fevereiro, para afastar a namorada do filho. Há cinco meses, o marido descobriu que ela havia pago altas quantias e levou o caso à imprensa.
Com câmeras escondidas, o casal gravou sessões espirituais. Nas imagens, exibidas ontem no telejornal Paraná-TV 1.ª edição, Danielle aparece incorporando a entidade chamada “vó” e negociando valores com a vítima. Em uma das cenas, as vítimas pedem dinheiro de volta. A taróloga alega que pode devolver parte da quantia, mas que o resultado não seria tão satisfatório. Nenhum valor foi devolvido ao casal, que perdeu o equivalente a um apartamento.
Liberdade
A partir das imagens entregues na delegacia, a polícia fez investigações e solicitou as cinco prisões temporárias, que foram decretadas pela 14.ª Vara Criminal. “Essa quadrilha já teria feito uma vítima em Toledo, em 2009. Existe liberdade de religião, mas nenhum direito de ser exercida de forma abusiva”, frisa o delegado. (JM)
Atualização
“Ainda, de acordo com o já analisado, tem-se que os réus C.EY.J. e D.B.S. não tiveram envolvimento com o crime em comento”, tendo sido condenadas apenas Danielle Gaich Nicolitz e Cleidy Mara Yovanovich.