Mulher alega que marido foi preso injustamente

O mecânico industrial Rogério Vidoreto, 30 anos, tomava café em sua casa, no final da tarde de quarta-feira, e nunca podia imaginar que horas depois estaria atrás das grades. Ele foi detido pela Polícia de Choque junto a outros cinco homens, acusados de porte ilegal de armas, drogas e formação de quadrilha.

A família alega que ele foi confundido com os marginais. Depois de dois dias recolhido no Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), seguiu ontem ao Centro de Triagem II, em Piraquara, como um criminoso.

Segundo relato dos PMs à delegada Vanessa Alice, do Cope, eles estavam atrás de suspeitos que ocupavam um Palio escuro e teriam praticado assaltos no bairro. O Palio foi localizado às 17h de quarta-feira na Rua Miguel Raicoski Sobrinho, no Pinheirinho, e parado exatamente em frente à casa de Rogério.

A PM informou que o mecânico não estava dentro do carro, mas foi abordado em frente à casa, junto com o grupo. Após revista na residência de Rogério, a PM afirmou que havia cinco munições no quarto dele e da esposa.

Depoimentos

Os seis detidos foram ouvidos e, segundo a delegada, todos contaram uma versão diferente para o que faziam ali. Rogério disse que não conhecia nenhum dos detidos: Paulo César Pacheco dos Santos, 26 anos, Reinaldo Gonçalves Bombim, 25, Emerson José dos Santos, 24, Jean Davis Lorbiete, 29, e Willian Jamilton de Freitas, que deu o nome falso de Anderson Guidete de Souza. Estes dois últimos são foragidos da Colônia Penal Agrícola.

Uns disseram que não conheciam Rogério, outro disse que ia na casa do mecânico fazer um churrasco, outro disse que Rogério era amigo do rapaz que dirigia o Palio e iam buscá-lo para ver umas “paradas”.

Testemunha

A única declaração que combina com o depoimento de Rogério é o da esposa dele, Sônia Krynczac, 29, que vende sorvetes na esquina, perto de onde moram, e testemunhou a prisão. Ela contou que o marido buscou o filho na escola e passou na banca de sorvetes, convidá-la para um café. Sônia não quis e ele seguiu para casa.

O garoto brincava de bicicleta e o mecânico tomava café, quando escutou os cães latindo no jardim. Ao notar a polícia em frente, tentou fazer os animais se calarem.

Nesse momento, declarou Rogério, ele foi abordado pelos policiais no jardim, que perguntaram onde estavam as drogas e as armas. O mecânico respondeu que não tinha nada daquilo, mas foi obrigado a prender os cachorros e foi algemado.

Enquanto ele aguardava de joelhos no jardim, os policiais revistaram a casa e alegaram ter encontrado as munições. Rogério negou que aquele material fosse seu.

A residência ficou inteira revirada. Até o forro foi quebrado e temperos da cozinha revirados. Também brinquedos da criança foram danificados. “Meu marido não troca nem uma tomada em casa, com medo de levar um choque. Quanto menos portar uma arma”, alertou a esposa.

Antes do novo emprego

Tanto Sônia quando a advogada Raquel Farah afirmaram que Rogério é uma pessoa idônea. Por nove anos trabalhou em empreiteiras da Copel e seu último emprego foi como promotor de vendas da Unilever. Ficou desempregado em abril e, em vista de ter passado 10 anos trabalhando sem férias, tirou dois meses para descansar e ajudar a esposa em casa.

Ajudado pelo seguro-desemprego e pelo salário da esposa, decidiu estudar. No início de outubro, concluiu um curso de mecânica básica industrial do Senai e procurava emprego nessa área.

“Quando a polícia entrou na minha casa, havia vários envelopes com currículos em cima da televisão, que ele estava mandando para as empresas. Ele mora há 18 anos nesse endereço.

Os vizinhos o conhecem e estão todos revoltados com a atitude da PM. Não sabemos o que fazer”, desabafou Sônia, que aguarda decisão judicial para o pedido de liberdade provisória.

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