Para punir os 32 envolvidos no desvio de mais de R$ 17 milhões dos cofres do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), a Promotoria de Justiça de Proteção ao Patrimônio Público de Curitiba ingressou, na segunda-feira, com uma ação civil pública por prática de atos de improbidade administrativa contra trinta e dois requeridos, dentre os quais vinte e sete pessoas físicas e cinco empresas, de diferentes estados, com pedido liminar de decretação de indisponibilidade de bens de todos os requeridos.

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Está prevista na ação, assinada pelo promotor de justiça Maurício Cirino dos Santos, anular o contrato entre o Detran-PR e a empresa Vale Couros Trading S.A., do Rio Grande Sul, com pedido de liminar para decretar indisponibilidade de bens dos 32 acusados, sendo 27 pessoas físicas e cinco empresas de diferentes estados. Além do ressarcimento integral do dano aos cofres públicos do Estado, a intenção é impor sanções civis de suspensão dos direitos políticos dos envolvidos, por até dez anos; perda da função pública; aplicação de multa e proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios fiscais ou de créditos, pelo período de dez anos.

O valor de R$ 17.452.041,11 teria sido desviado e apropriado do Detran-PR pela ação integrada de particulares e empresas privadas, com a participação do ex-diretor-geral do órgão Cesar Roberto Franco, da ex-diretora administrativa e financeira Eliane Keiko Kobiraki Carvalho e do ex-coordenador jurídico Geraldo de Cássio Zétola.

As investigações foram feitas pela Operação Trânsito Livre, do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) da Polícia Civil, em conjunto com a Promotoria de Justiça de Proteção à Ordem Tributária de Curitiba. Em abril, a denúncia ocorreu no Ministério Público contra as mesmas 27 pessoas físicas, por prática dos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, dispensa indevida de licitação, peculato, tráfico de influência e lavagem de dinheiro. A ação penal tramita na 7.ª Vara Criminal de Curitiba.

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Todos os acusados do desvio de dinheiro que chegaram a ser presos no mês de junho foram colocados em liberdade, a maioria após o Tribunal de Justiça conceder liminarmente a ordem. As prisões haviam sido decretadas pela Justiça em março, mas os mandados só foram cumpridos no dia 17 de abril.

Entre os presos, o ex-diretor-geral do Detran-PR foi colocado em liberdade dois dias depois da prisão. De acordo com informações divulgadas pela polícia, o esquema começou em 2002, quando houve uma mudança no regime jurídico de recolhimento do PIS/Pasep, o que teria resultado na dívida milionária do Detran-PR com os cofres públicos.