MP investiga chacina em Piraquara

Alguns internos do Educandário São Francisco, em Piraquara, que testemunharam a chacina ocorrida na noite de quinta-feira passada, serão ouvidos hoje pelo delegado Germino Marques Bonfim Filho, em local não divulgado pela polícia. O objetivo dos interrogatórios é apurar o verdadeiro motivo do assassinato de sete adolescentes, mortos a golpes de estoque, após a simulação de uma rebelião. Outros seis ficaram feridos.

Também a Promotoria de Investigação Criminal (PIC) está participando das diligências. Ontem, promotores estiveram novamente no Educandário, em busca de detalhes que possam esclarecer como os fatos começaram e de quem foi a responsabilidade por assumirem tamanhas proporções. As famílias dos menores mortos, inconformadas, querem que os responsáveis sejam punidos.

Unidade inadequada

Ainda no âmbito do Ministério Público, o Centro de Apoio e Proteção à Criança e ao Adolescente, coordenado pelo promotor Olímpio de Sá Sotto Maior, acompanha a situação. De acordo com Sotto Maior, é necessário reconhecer que a unidade é inadequada para a execução de medida socioeducativa, pois além de estar superlotada (conta com 230 menores, 80 a mais do que a capacidade), mesmo que estivesse abrigando o número adequado de adolescentes, não teria condições de viabilizar a individualização da medida de internação, pois falta acompanhamento psicológico e formas de mostrar valores éticos e sociais aos garotos.

Recuperação

“Eles não são irrecuperáveis. Precisam vislumbrar uma nova forma de vida e sair da unidade melhores do que entraram”, explicou Sotto Maior, lembrando que com a superlotação, as medidas de disciplina são adotadas a qualquer custo, mesmo que seja na base da violência. A intenção do Centro de Apoio é ajudar a melhorar o sistema de recolhimento de menores. “Queremos colaborar no sentido de identificar o que é necessário para que seja desenvolvida uma proposta de liberdade assistida, com acompanhamento do infrator e de sua família, sem que seja necessário segregá-lo. Para isso, é claro, precisamos garantir os direitos básicos dos adolescentes, que é o de saúde, escola e profissionalização”, salienta o promotor.

Um passo para melhorar o sistema já está sendo dado pelo governo do Estado, que abriu licitação para a construção de quatro novas unidades para menores, em diferentes municípios, cada uma com 80 vagas, sendo 40 para internamento e outras 40 para recolhimento temporário. “Mas precisamos colocar pessoas com capacitação prévia para tratar com adolescentes e que tais pessoas sejam submetidas a capacitação permanente”, lembrou Sotto Maior.

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