MP e polícia investigam caso da explosão em posto

O Ministério Público e a Polícia Civil iniciaram ontem as investigações sobre a explosão da bomba que atingiu o posto de combustíveis Pinheiro, no Campo Comprido, em Curitiba, na última quarta-feira, e que deixou uma pessoa gravemente ferida. Uma das hipóteses é que a explosão tenha sido um atentado, já que o posto pratica um dos menores preços do litro da gasolina: R$ 1,819. A explosão aconteceu no dia em que o novo preço entrou em vigor.

Para o promotor Paulo Sérgio de Lima, da Promotoria de Investigações Criminais (PIC), “a questão apenas do preço é totalmente desproporcional”, dada a dimensão do acidente. “Poderia ter ocorrido um incêndio”, afirmou. Ontem ele ouviu o depoimento do gerente-geral da rede, Celso Martins, e do gerente do posto, João Maria de Lara. Um policial do Batalhão de Polícia de Choque, especialista em explosivos, também foi ouvido pelo Ministério Público. Hoje devem ser ouvidas novas testemunhas. “O que a gente quer é apurar o mais breve possível, pela gravidade do caso”, afirmou o promotor, que não quis falar em prazos para a conclusão dos trabalhos.

Atentado

A primeira linha de investigação do MP se concentra na hipótese de atentado, uma vez que o gerente do posto teria sido ameaçado por vender combustível a preços abaixos da média, o que estaria incomodando a concorrência. A PIC também não descarta uma possível participação do crime organizado no caso, uma vez que o aumento de preços dos combustíveis poderia levar os consumidores a procurarem postos que trabalham com material adulterado.

O responsável – ou responsáveis – pelo crime devem responder pelo delito de explosão (artigo 251 do Código Penal). Como houve uma vítima gravemente ferida, há agravamento do artigo 258, o que pode elevar a pena neste caso a até nove anos de prisão.

Horas antes

De acordo com o promotor, a bomba já estava no terreno baldio horas antes da explosão, conforme levantamento da perícia. Essa informação não descarta, no entanto, o possível envolvimento do pedreiro Renato Essy, 35, que estava no local onde explodiu a bomba e teve as duas pernas amputadas. O rapaz permanece em estado grave, internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Trabalhador e respirando por aparelhos. “Se a bomba já estava antes no local, pode ser que ele tenha ido até lá para acionar ou verificar o que havia ocorrido. Mas também pode, por curiosidade, ter mexido no invólucro”, comentou. Renato teria sido encontrado com as calças arriadas. “São apenas hipóteses”, acrescentou. Segundo o promotor, Renato Essy deverá ser ouvido assim que estiver em condições.

Dia seguinte com mais movimento

O posto Pinheiro estava funcionando normalmente ontem, e com o mesmo preço na bomba: R$ 1,819 o litro da gasolina. Segundo o caixa do estabelecimento, Ozéas Barbosa, o movimento era até superior a outros dias. “Com o que aconteceu, muitas pessoas ficaram sabendo do nosso preço e vieram hoje (ontem) abastecer”, comentou. De acordo com o gerente do posto, João de Lara, o policiamento foi reforçado.

Para o comerciante Luiz Carlos Rosa, 38, que estava ontem abastecendo o carro, a direção do estabelecimento não pode se intimidar com a ação. “A formação de cartel é terrível e só prejudica os consumidores. Soube da explosão pela manhã, mas não vou deixar de abastecer aqui”, comentou. Mesma opinião divide o motorista Mauro de Oliveira, 41. “Ninguém pode se intimidar. Estamos em um País livre, democrático.”

Outros postos

O posto de combustíveis Pinheiro não é o único da região a praticar um dos menores preços do litro de gasolina na capital. A quase mil metros de distância, o posto Ilha Verde, da bandeira BR, comercializa o litro da gasolina também por R$ 1,819. “A gente fica com receio em relação ao que aconteceu e deve pedir reforço policial no bairro”, comentou o gerente do estabelecimento, que não quis se identificar. Ele conta que não recebeu ameaça por conta do preço. Também não pretende subir o valor por conta do atentado no posto vizinho. “Em princípio, o posto vai manter o preço, até que a concorrência reduza também”, falou.

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis (Sindicombustíveis), Roberto Fregonese, “o sentimento da categoria é de medo.” “A gente não sabe quem fez, nem o motivo. E enquanto não soubermos as razões, todo mundo vai ficar receoso”, comentou. Fregonese encaminhou ontem à Secretaria de Estado da Segurança Pública e ao Ministério Público solicitação para que o caso seja apurado.

Segundo o presidente do Sindicombustíveis, o segmento tem se mostrado ordeiro, com problemas que são resolvidos no dia a dia. “O que acontece naquela região (Campo Comprido) é uma guerra de preços entre vizinhos. O preço deles destoa com o de toda a cidade”, afirmou. Fregonese prefere, no entanto, não atribuir a ação a postos concorrentes. “Postos com aquele preço existem diversos. Seria uma conotação furada”, comentou. O preço médio do litro da gasolina em Curitiba é R$ 1,97. (LS)

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