Enquanto o Ministério Público do Rio de Janeiro estuda uma forma de confiscar os bens do traficante de drogas “Fernandinho Beira-Mar”, para integrar ao patrimônio público pelo menos 48 imóveis, 12 automóveis e 36 linhas telefônicas, todos comprados em nome de terceiros e com dinheiro obtido com o comércio de drogas, o Ministério Público do Paraná continua realizando investigações para apurar as atividades criminosas dele no Estado.
Em um recente levantamento sobre os bens do criminoso, descobriu-se que ele seria proprietário de um imóvel em Colombo. No local chegou a funcionar uma loja de materiais de construção, em nome de Ricardo Barcellos e sua mulher Luciana Barcellos. Há dois meses o casal fechou o estabelecimento e se mudou para o Rio de Janeiro.
Inquérito
Há três anos que as atividades de “Beira-Mar”, no Paraná, estão sendo alvo de investigações. Quando da instalação da CPI do Narcotráfico no Estado – ocasião em que surgiram dezenas de denúncias principalmente contra policiais, mas que nunca chegaram a ser comprovadas – a Divisão de Narcóticos (Dinarc) abriu inquérito para apurar possíveis envolvimentos do criminoso com traficantes daqui.
Este inquérito, que quase nada apurou, foi remetido há pouco mais de um mês para o Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gerco) da Promotoria de Investigações Criminais (PIC), para que o delegado Miguel Stadler dê continuidade ao trabalho. “Esta casa em Colombo já era do conhecimento da polícia”, disse ele.
Amigo
O próprio Ricardo Barcellos chegou a ser ouvido no inquérito na época e disse que era amigo de infância de “Beira-Mar” e por isso havia aceitado cuidar de uma loja de material de construção (ANR Materiais de Construção) que funcionava ali. Posteriormente ele teria comprado a loja e há cerca de dois meses se desfez do negócio e voltou para o Rio de Janeiro. O imóvel teria servido ainda para uma igreja evangélica e atualmente está fechado.
“Embora ele já tenha sido ouvido, se for necessário vamos interrogá-lo novamente”, disse ontem o delegado Stadler, que apura a suposta existência de outros imóveis do traficante em Curitiba. “Como tudo está em nome de terceiros se trata de uma investigação delicada e demorada, difícil de fazer”, salientou o policial.