Sítio Cercado

Motorista mata a facadas rapaz que pulou catraca

O estresse do transporte coletivo provavelmente contribuiu para o motorista Renato Faria de Bonfim, 49 anos, a esfaquear Brendon Willian Welter, 20, que tentava entrar sem pagar no ônibus da linha Circular Sul, por volta das 16h terça-feira (23). Renato era passageiro do ônibus. O golpe de canivete atingiu o coração do rapaz e o matou em poucos minutos, dentro da estação-tubo Quitandinha, na Rua dos Pioneiros, Sítio Cercado. Renato foi preso em flagrante e encaminhado ao Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac-Sul).

As soldados Allyne e Kelly, do 13.º Batalhão da Polícia Militar, ouviram do motorista e de alguns passageiros que Brendon estava acompanhado de três rapazes, um deles seu primo. Apenas Brendon não pagou a tarifa e, quando o ônibus se aproximou do tubo, o jovem pulou a catraca e entrou pela porta quatro, exclusiva para desembarque. Nesta porta, Renato, ao ver a irregularidade, sacou o canivete. Depois de dizer ao garoto “aqui você não entra”, deu golpe no peito do jovem.

Alguns passageiros ajudaram levar Brendon de volta para o tubo. Renato desceu do coletivo e correu, mas foi alcançado pelos amigos da vítima. Quando populares viram a luta, chamaram a Polícia Militar. Allyne, Kelly e mais quatro soldados estavam por perto, separaram a briga e detiveram Renato. Às policiais, o agressor justificou que, se um fiscal da Urbs pega alguém furando a catraca, o motorista do coletivo paga multa de R$ 125. Com isto, as policiais entenderam que talvez Renato tenha agido desta forma para defender o colega que dirigia a linha Circular Sul. “Mas não justifica golpear ninguém assim”, analisou uma das soldados.

As policiais ainda contaram que Renato ficou calmo, conversando com a empresa e familiares ao celular, até a delegacia, como se não acreditasse ter matado alguém. As policiais também verificaram que Brendon não tinha motivo aparente para não pagar a passagem. “Os pais dele estiveram no tubo. Parecem pessoas boas, que aparentavam ter algum poder aquisitivo”, analisou a soldado Allyne.

Sindicato

Anderson Teixeira, presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc), confirmou que, pelo acordo com a Urbs, é obrigação da empresa manter a ordem e funcionamento correto do sistema, por isso a multa de R$ 125. A empresa, por sua vez, desconta o valor na folha de pagamento do funcionário. “Entendemos que esta cobrança não é correta, porque o motorista não tem poder de polícia. Não tem como descer para tirar os invasores do ônibus toda hora”, comentou.

Anderson completou que além da cobrança para estar no horário, o estresse do trânsito, medo de assaltos constantes e outras dezenas de exigências, há o medo de ameaças e retaliações ao tirar invasores do ônibus. As multas foram parte dos motivos da greve branca, em junho. “Não justifica o que o motorista fez. Mas olha o que o medo e estresse da profissão o levou a fazer”, analisou o sindicalista.

O Paraná Online, durante reportagem sobre assalto a ônibus, flagrou muitos jovens, bem vestidos, pulando a catraca e entrando sem pagar. Os motoristas relatam que isso é comum e, em algumas linhas, mais de 20 jovens fazem isso por turno de motorista.

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