Os últimos minutos de vida de Antônio Cândido, 55 anos, o “Bentivi”, como ele mesmo escrevia, foram nos braços do sobrinho. Ele foi baleado quando buscava um colega de trabalho, e morreu em uma unidade de saúde de Itaperuçu.

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Testemunhas viram quando ele estacionou o caminhão ADN-2182 que faz coleta de lixo para a prefeitura na Rua Valdir Stochero, no bairro Capinzal, por volta das 7h, como fazia diariamente, para buscar um dos coletores que trabalhava com ele.

Antes que ele saísse do veículo, uma motocicleta com dois homens estacionou perto. O garupa desceu, subiu no estribo do passageiro do caminhão e atirou pela janela. Antônio levou dois tiros, um deles no pescoço. Os motociclistas fugiram.

Uma mulher que estava na rua tinha o telefone da esposa de “Bentivi” e avisou a família. Minutos depois, o sobrinho da vítima, Alexandre Antônio Cândido, chegou no local. Ele colocou o tio no carro e declarou que foi até o hospital da cidade. Lá, foi informado de que não havia equipamentos para atendimento à vítimas graves, e que ele deveria seguir para a Central de Saúde Josmar Joeckel, onde teriam ambulâncias para levar “Bentivi” a um hospital maior.

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A Polícia Militar, entretanto, acompanhou o caso e afirma que a família não esteve no hospital da cidade, e que deslocou diretamente para a unidade de saúde.

Atendimento

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Alexandre disse que o tio não conseguia falar, mas ainda respirava. Quando chegou à unidade de saúde, recebeu uma notícia desagradável. “Me disseram que não poderiam fazer nada por mim, porque o motorista da ambulância estava em casa dormindo. Meu tio agüentou mais uns cinco minutos e morreu”, afirma.

Porém, a enfermeira chefe da unidade, Jane Eri, garantiu que “Bentivi” já chegou morto até o centro médico. “Nosso médico recebeu a vítima e tentou reanimá-la. Temos aqui todos os equipamentos e medicamentos necessários para isso, mas não adiantou. O disparo foi na nuca, e mesmo que ele estivesse em um hospital maior, não resistiria”, detalha.

Ainda segundo Jane, o motorista da ambulância estava trabalhando quando “Bentivi” chegou ao hospital, e não encaminhou a vítima porque ela já estava morta. “Ele estava aqui desde cedo, tanto que levou uma pessoa daqui para um hospital às 6h. Ele acompanhou o trabalho de reanimação, aguardando a possibilidade de levar a vítima”, conta.

O desencontro de informações gerou uma discussão que envolveu familiares do prefeito, que estavam em frente à unidade de saúde, e sobrinhos de “Bentivi”. Amigos da vítima também estavam revoltados porque a Polícia Militar pediu para que o caminhão da vítima fosse levado para casa, sem que o Instituto de Criminalística fosse acionado para periciar o veículo.

Motivo

A família de “Bentivi” garante que ele só saía de casa para ir trabalhar, e que não tinha desafetos. Eles não tem informações de um possível motivo para o homicídio. “Aqui, basta olhar para o lado que já é motivo para ser morto”, lamenta Alexandre.

Antônio deixa três filhas pequenas. Ele perdeu um irmão, vítima de câncer, há menos de um mês. “A história foi a mesma, chegamos com o irmão dele no hospital e não quiseram atender”, relata.