Também na Vila Torres

Motorista de ônibus vê PM durante assalto e marginais levam a pior

Todo o aparato policial que foi armado na noite de ontem (03) na Vila Torres não impediu que os bandidos continuassem agindo e de forma violenta. Por volta das 23h, depois que todos os olhos se voltaram à trincheira da Rua Chile quando moradores tentaram queimar um ônibus, dois bandidos se envolveram em uma troca de tiros com policiais militares dentro de um ônibus da linha Jardim Centauro, que passava próximo ao local onde o cenário de guerra aconteceu horas antes. Este foi o segundo confronto que terminou em morte em menos de 24 horas na mesma região.

O ônibus vinha de São José dos Pinhais. Segundo a Polícia Militar, os bandidos embarcaram em um ponto, deram voz de assalto aos passageiros e, enquanto recolhiam os pertences, o motorista viu uma viatura que estava num posto de combustível da Avenida das Torres e jogou o veículo para dentro do pátio.

Os dois homens desceram e Edilson França, 32 anos, que estava armado com um revólver calibre 38, trocou tiros e morreu. Henry Daniel Loos Bucheli, 24, se entregou.

Segundo o tenente Cantador, da 5º Companhia do 12º Batalhão, a polícia suspeita que a intenção da dupla não fosse só assaltar o coletivo. “Começamos a investigar e acreditamos que eles pegariam o ônibus para queima-lo dentro da vila, como fariam com o coletivo anterior e foram contidos”, explicou.

Por conta dessa suspeita e até mesmo do indício de ter relação entre os dois casos, o serviço de inteligência do 12º Batalhão foi acionado. “Queremos descobrir qual era a intenção dos moradores e em seguida a dos bandidos. Sabemos que a polícia perto de onde o crime acontece incomoda os líderes e é exatamente isso que queremos entender, por que aproximaram a polícia e chamaram a atenção, onde queriam chegar”, revelou o policial.

Perigo

Os acontecimentos dos últimos dias levam a população a crer que a região da Vila Torres está cada vez pior e fora do controle até mesmo das autoridades policiais. Segundo o tenente,  a população está se revoltando contra a polícia, em prol de marginais.

“É uma questão complicadíssima e impressionante. Um rapaz armado que estava assaltando um ônibus troca tiros com a polícia e é visto como uma boa pessoa. Os valores estão completamente invertidos”.

O medo tomou conta da população que vê tudo acontecer, mas o tenente explica que, apesar de preocupante, a situação está sob controle. “O tráfico organizado comanda a região, mas sabemos que são fatos isolados que acontecem entre os envolvidos com o próprio tráfico. Precisamos conter essa guerra que acontece entre eles e é em cima disso que estamos diariamente”, disse Cantador.

Neste primeiro trimestre de 2014, de acordo com as informações do policial, os números de prisões na região já aumentaram em 50%. A intenção é aumentar e fazer que este número chegue a 100% de prisões e que as ações dentro da vila não aconteçam mais, mas o policial faz um alerta.

“Sozinha a polícia não trabalha. É impossível. Nós precisamos que um trabalho intenso que envolva todos os órgãos públicos aconteça na região, precisamos que sejam atingidas das crianças aos idosos”.

Para o tenente, é necessário que seja tratado problema antes dele acontecer. Enquanto nada é feito, ele explica que a polícia trata o que já aconteceu e busca os responsáveis. O que se sabe até o momento é que um dos líderes da região já foi identificado.