Motorista de ônibus reage e mata assaltante

Ao reagir a um assalto, o motorista de ônibus João Antunes de Oliveira, que fazia a linha Vila Palmeira, acabou matando, com um tiro no peito, Nilson do Nascimento, 24 anos. A tentativa de roubo ocorreu às 7h de ontem, na Rua Ângelo Navarilha, no Tatuquara. O comparsa do morto, que estava armado, fugiu.

Após atingir o assaltante, o motorista deixou o local com o ônibus e se dirigiu até a sede da Empresa Sorriso, no Sítio Cercado, onde relatou o caso aos seus superiores.

O caso teve acompanhamento inusitado. Investigadores da Delegacia de Homicídios estiveram no local, acionados por policiais militares, mas não perceberam o ferimento a bala na vítima. Apenas o Instituto Médico Legal foi acionado – em casos com suspeita de morte violenta, a Polícia Científica também precisa ser acionada.

Nílson deu entrada no IML como vítima de morte natural, e a marca do tiro só foi descoberta mais tarde, quando funcionários do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e RM (Sindimoc), já cientes da reação ao assalto, estiveram no órgão para saber da identificação da vítima. Eles mesmo informaram aos policiais que o suspeito tinha sido morto por um motorista. A arma utilizada é de pequeno calibre e não causou sangramento externo, escondendo o ferimento, o que explica, em parte, a falha da polícia.

Local

À tarde, o superintendente Neimir Cristóvão, da Delegacia de Homicídios, prestou uma informação diferente da obtida junto ao IML. Segundo ele investigadores da especializada foram acionados para atender um caso de encontro de cadáver no Tatuquara. Eles se dirigiram até o local e constataram que a vítima tinha um ferimento de arma de fogo no peito. O corpo foi examinado pelo perito da Polícia Científica e só então recolhido ao Instituto Médico Legal.

Antecedentes

Neimir disse que a equipe de investigação apurou que Nilson era viciado em drogas e alcoólatra. “Ele também já tinha passagens por roubo. Talvez estivesse fazendo assaltos para sustentar o vício”, disse o superintendente.

O policial confirmou que a Delegacia de Homicídios foi avisada de que o autor era um motorista de ônibus, pelos integrantes do Sindimoc. “Eles informaram que deverão apresentar o motorista nas próximas horas, para contar detalhes do que realmente aconteceu”, salientou Neimir.

Números revelam insegurança

“Desta vez foi um assaltante, mas poderia ter sido um motorista a vítima fatal do assalto.” Este foi o comentário do presidente do Sindicato de Motoristas e Cobradores em Empresas de Trasportes Coletivos de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), Denilson Pires, sobre a reação do motorista João Antunes de Oliveira, que matou Nilson do Nascimento, 24 anos, no início da manhã de ontem, no Tatuquara.

Ele informou que o motorista será apresentado à polícia pelo advogado do Sindimoc nas próximas horas. “Ele está muito abalado com o que aconteceu, apesar de ter agido em legítima defesa”, salientou Denilson, informando ainda que os dez mil motoristas e cobradores que trabalham em Curitiba e Região Metropolitana estão trabalhando com medo. “Apesar do ato heróico do motorista, não recomendamos que os trabalhadores reajam, já que na maioria das vezes quem leva vantagem é o marginal”, argumentou Denilson.

Reação

Ele contou que às 10h de quarta-feira o motorista Cláudio Sebastião Neves, prendeu um menor que estava assaltando o ônibus da linha Maria Angélica. Cláudio percebeu que a arma que o garoto apontava para ele e o cobrador era de brinquedo e partiu para cima do adolescente, que foi detido e entregue à polícia. “Sobre a situação do menor não temos conhecimento”, disse.

O sindicalista voltou a lembrar que os números de roubos contra coletivos e estações-tubo aumentaram assustadoramente. Do início do ano até julho foram registrados 3.576 roubos contra 2.751 no mesmo período do ano passado. Em todo o ano passado ocorreram 4.515. “Isso nós preocupa. Embora a Polícia Militar esteja empenhada em nos ajudar, a segurança deixa muito a desejar”, disse.

Insegurança

“Pior ainda é que não sabemos o que o secretário de Segurança Pública pretende fazer para diminuir a criminalidade, já que ele divulga que os crimes no Paraná estão em queda. Pelo menos em relação a assaltos contra ônibus eu asseguro que aumentaram e muito. Mostro nossos levantamentos e posso detalhar caso a caso se preciso. Mas pelo jeito as autoridades não querem ouvir a categoria”, lamentou.

O presidente do Sindimoc disse que a esperança da categoria é a implantação dos cartões eletrônicos, que retirariam os vales transportes de circulação. “O vale-transporte hoje é dinheiro de metal. Com ele, os bandidos compram droga. É moeda corrente. Sem ele, os trabalhadores estarão mais seguros”, acredita Denilson.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo