Um agente carcerário e um preso foram mortos, durante uma rebelião na Cadeia Pública Laudemir Neves, em Foz do Iguaçu. Outro agente foi baleado e pelo menos doze detentos ficaram feridos. O motim começou às 10h30 de ontem, quando um dos 778 detentos tentou render os agentes. Houve troca de tiros e os bandidos dominaram a parte superior da cadeia. Durante toda a tarde, os detentos agrediram um agente carcerário e presos. A direção da cadeia acredita que a intenção dos detentos era fugir.
Os presos da ala superior simularam que um deles estava passando mal. Enquanto era atendido na enfermaria, o ?doente? surpreendeu os agentes, levantando-se bruscamente e atirando contra eles. Enquanto isso, outros detentos, que estavam no corredor, começaram a atirar. Durante a troca de tiros, os presos conseguiram render três agentes.
Não foi apurado o número de armas que estava dentro da cadeia em poder dos rebelados, mas eles teriam, pelo menos, um revólver 38 e uma pistola 9 milímetros. Imediatamente, policiais civis e militares foram acionados e subiram no telhado da cadeia, onde os detentos costumam ficar durante as rebeliões.
Desta forma, os presos foram obrigados a permanecer na galeria.
No início da tarde, os presos liberaram o corpo do agente carcerário Alcindo Jacinto Desidério, assassinado com um tiro na cabeça, e do colega dele, César Matji, que também foi atingido por um disparo na cabeça.
O corpo de Alcindo foi levado ao Instituto Médico-Legal (IML) de Foz do Iguaçu. Matji foi atendido pelo Siate e encaminhado ao Hospital Ministro Costa Cavalcanti, em estado grave.
Barbárie
Doze presos foram feridos pelos ?colegas?. |
Os presos quebraram a coluna de concreto, que funciona como espécie de grade de respiro, às 14h, e atiraram dois reféns, através de uma ?tereza? (corda feita com pedaços de panos). Os detentos também mostravam, pela fresta, o agente carcerário identificado como Barbosa. O refém estava com o corpo coberto de sangue. Para impressionar os agentes, davam coronhadas na cabeça de Barbosa e estocadas.
Eles também agrediam seus próprios colegas de cela. Durante toda a tarde, os rebelados atiravam detentos pela abertura no grade.
Todos que saíam eram encaminhados ao Hospital Cataratas. De acordo com os dados divulgados pelos socorristas do Siate foram atendidos os detentos: Edgar Delgado, 21 anos; João Gustavo Caires Novaes, 22; Marcos José Tofoli, 31; Derli Oliveira, 20; e Sandro Aparecido da Silva, 20. Um dos feridos morreu pouco depois de ser levado ao hospital, mas seu nome não foi divulgado. Durante o motim, os rebelados vestiram coletes com a inscrição ?Agente Penitenciário? para confundir os policiais.
Sem negociação
Polícia se preparava para invadir |
Por volta das 16h, os detentos concordaram em negociar e exigiram a presença do juiz da Vara de Execução Penal de Foz do Iguaçu, Marcelo Gogdo Della Dea, que foi até a cadeia pública. O juiz tentou conversar com os detentos e propôs a liberação dos reféns, mas não foi atendido. ?Com reféns, não tem conversa?, declarou o juiz. A imprensa também entrou na cadeia, a pedido dos detentos, mas ficou na parte inferior, e, depois, recuou. Em seguida, os rebelados exigiram a presença de um padre. O frei Camilo, da Paróquia do Morumbi (bairro de Foz do Iguaçu) foi até o local, mas não teve acordo.
Às 18h, policiais do Grupo Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial) e da Divisão de Policiamento do Interior (DPI) se posicionaram na porta do presídio, se preparando para a invasão. O delegado-titular da DPI, Luiz Alberto Cartaxo de Moura, anunciou que, se os rebelados não negociassem, policiais militares da Rotam (Rondas Ostensivas Tático Móvel) e policiais civis do Grupo Tigre iriam invadir a penitenciária. Os presos pediram para que somente policiais civis entrassem. O tempo terminado pelo delegado passou e as negociações seriam retomadas hoje pela manhã.