O motim dos presos da delegacia de Campina Grande do Sul, na quarta-feira passada, vai custar caro aos cofres públicos, perto de R$ 100 mil neste mês, somando-se reforma na carceragem e o custo de cada preso transferidos para o sistema penitenciário. A Secretaria de Segurança Pública (Sesp) ainda faz o orçamento da reforma da carceragem destruída pelos presos, mas faz estima em R$ 10 mil o custo da obra.
A Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) também vai gastar mais. Com a transferência dos 48 presos para o Complexo Penitenciário de Piraquara, a Seju terá de desembolsar R$ 86.400 por mês com o novo grupo. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria, dos presos que foram retirados de Campina Grande do Sul, apenas 10 são condenados e passarão a cumprir suas penas nas penitenciárias. Porém, os outros 38 serão mantidos na Casa de Custódia, mesmo depois de a delegacia ser reformada.
Vagas
Não foi apenas o grupo de Campina Grande do Sul que a Secretaria transferiu esta semana, outros 40 presos foram retirados de Pinhais. Hoje, a delegacia está com 30 presos, menos de um terço dos 108 homens que abrigava quando explodiu a rebelião, que deixou três policiais feridos em 9 de maio. A capacidade da carceragem é para 16 detidos. Na próxima semana, mais 80 presos serão transferidos das cadeias de Curitiba e região.
Somadas, as cadeias do Paraná, que têm espaço para abrigar 4.487 presos, estão com 10.557. O excedente é de 6.090 pessoas. Esta superlotação tem sido a principal justificativa para as tentativas de fuga, fugas e rebeliões registradas nas últimas semanas.
Balanço
Mesmo com quase 11 mil presos a menos (sistema penitenciário tem 17.481 presos), o custo de manter uma pessoa na cadeia pública é muito menor. A Sesp tem o controle apenas da alimentação, em média R$ 180 ao mês, uma vez que as outras despesas são diluídas nos trabalhos de polícia da delegacia. Porém, admite que não deve gastar nem a metade dos R$ 1.800 que custa cada preso no Sistema Penitenciário.
Em presídios administrados pela Seju, o detido dispõe de estrutura para ressocialização, como escolas e fábricas, e nas delegacias ele fica em celas entulhadas, geralmente com risco de doenças, e sem nenhuma atividade.