O 12.º Distrito Policial (Santa Felicidade) é uma ?bomba relógio?. Depois da rebelião de sábado, quando um preso foi morto e um policial agredido, a situação é tensa. Ontem, foi descoberto um buraco com cerca de dois metros de profundidade em uma cela. Durante a tarde, detentos gritavam contra a superlotação. E para agravar o caos, oito novos criminosos teriam sido transferidos para a carceragem abarrotada com mais de 100 homens.
Membros da Comissão de Direito Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foram ontem ao distrito para reiterar o pedido de interdição. Entretanto, não conseguiram entrar na carceragem, por segurança, segundo a secretária da comissão, Isabel Kugler Mendes.
A comissão e o delegado Rogério Martim Castro não chegaram em um consenso quando ao número de detidos. O policial afirma que os oito detentos que voltaram às celas estavam em audiências. Apesar de visível o clima de tensão e de estresse dos policiais, o delegado afirmou que a situação está normalizada. Entretanto, admitiu que há risco de novo motim.
Morto
Finalmente, ontem o delegado confirmou a morte de Francisco das Chagas Vasconcellos Bento, 41 anos, preso dia 13, por furto. O investigador Marcelo Sakamoto foi rendido quando entregava a comida aos presos. O outro policial de plantão deu um tiro de arma não letal para conter os detentos, mas não adiantou. Ele deu outros dois tiros com sua arma de fogo. Um deles atingiu o preso. Francisco foi levado ao Hospital Evangélico, onde morreu.
Cadeias reprovadas
Márcio Barros
Em abril, a Vigilância Sanitária vistoriou o 12.º DP e constatou diversas irregularidades. A cadeia foi interditada e um protocolo com todas as solicitações, encaminhado para a Secretaria de Justiça, Secretaria de Segurança (Sesp) e Vara de Execuções Penais. O mesmo aconteceu em março, com o 11.º DP. Até agora as duas delegacia continuam funcionando normalmente.
O 9.º DP (Santa Quitéria) e a Delegacia de Furtos e Roubos receberam prazo de 30 dias para adequação, caso contrário, podem ser interditadas. A OAB também já apontou irregularidades nas delegacias de Almirante Tamandaré, Pinhais e São José dos Pinhais. No caso da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, o próprio delegado titular, Hitiro Hashitani, enviou ofício à Secretaria da Segurança Pública, sobre risco de proliferação de doenças e de rebelião.
Empurra-empurra
Segundo a assessoria de imprensa da Sesp, o protocolo da Vigilância Sanitária foi recebido. ?A secretaria está tomando algumas atitudes e a principal delas é o esvaziamento nos distritos da capital. Mas esse trabalho é demorado e não pode ser feito em todas delegacias de uma vez?, disse a assessoria.
Segundo o escrivão Luiz Antônio, da Corregedoria da Vara de Execuções Penais, a determinação da Vigilância Sanitária só será cumprida quando um juiz determinar alguma ação nas delegacias.