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Giovanna, brutalizada.

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Fim do mistério. Estão decretadas as prisões de Pero Theodoro Petrovitch Vichi, 18 anos, e sua mulher, uma jovem de 15 anos, acusados de participar do ritual de magia negra que pôs fim à vida de Giovanna dos Reis Costa, 9. Ela desapareceu no dia 10 de abril e foi encontrada morta dois dias depois, em um matagal, em Quatro Barras. O casal de ciganos está foragido.

Em princípio acreditava-se ser um crime perfeito. Sem uso de arma branca ou de fogo, sem testemunhas, vestígios de sêmen ou sangue. Entretanto, com as exaustivas investigações feitas pela delegada Margareth Alferes de Oliveira Motta e sua equipe, da delegacia de Quatro Barras, e com a participação da reportagem da Tribuna do Paraná, a trama envolvendo o assassinato de Giovanna foi finalmente descoberta. As provas coletadas durante quase três meses de diligências policiais confirmam: Giovanna foi brutalmente morta durante um ritual praticado pela família Petrovitch – os ciganos que moravam há uma quadra da casa da menina.

Na última sexta-feira a juíza Paula Cristina Candeo Haddad Figueira, decretou a prisão preventiva de Pero e a apreensão da mulher dele. Foi comprovado que eles estavam na casa durante o ritual de magia negra, ocorrido na noite do dia 10 de abril, quando também simulavam uma festa. Vários carros, música alta e barulho de copos foram ouvidos pelos vizinhos naquela noite, o que leva a polícia a supor que há mais envolvidos no assassinato, além do casal.

Suspeitas

Pero, procurado pela polícia.

As suspeitas sobre a família começaram quando Pero e sua mulher deixaram a casa, na noite anterior à localização do corpo da menina, dia 11. Dias depois, quando preparava-se para invadir a residência abandonada, a própria delegada encontrou as roupas da criança jogadas em um terreno baldio ao lado da residência do casal. Desde então, os ciganos passaram a ser considerados os principais suspeitos. Vários objetos foram recolhidos das casas dos Petrovitch no município e em Curitiba, e exames de DNA foram feitos, mas a maioria dos resultados foi inconclusiva. Sem ter provas materiais para indiciar os ciganos, eles permaneceram quase três meses impunes.

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A Tribuna acompanhou atentamente todas as investigações e apurou que a família Petrovitch teria participação, em outros rituais macabros, acontecidos em cidades do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, onde várias garotas foram vítimas. As informações foram encaminhadas à polícia, o que ajudou a fechar o cerco contra os suspeitos.

A prova que faltava para incriminá-los foi revelada há 15 dias, com o resultado do último exame pedido ao Instituto de Criminalística. Os laudos confirmam que o carro que Pero e sua mulher usaram para sair de Quatro Barras, o Gol placa MAZ-9732, tinha indícios de sangue na maçaneta das portas, no painel e no câmbio do veículo.

Foragidos

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A mãe de Pero, Vera Petrovitch, uma cartomante que age no Paraná há anos, usando vários nomes, pode estar envolvida na trama. Porém a polícia não conseguiu levantar provas que a incriminem. Vera procurou advogados e deu uma entrevista exclusiva à Tribuna, inocentando-se a ao seu filho. Depois disso, desapareceram.

As investigações levadas a efeito pela delegacia de Quatro Barras foram concluídas – apesar da pouca estrutura e da falta de policiais – e entregues para o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), que agora tem a responsabilidade de cumprir os mandados de prisão. O Sicride não se pronunciou sobre o caso e a delegada Margareth, procurada pela reportagem, também não quis se manifestar.


Vudu, caveira, velas, fitas e até a imagem do diabo foram apreendidos na casa
dos acusados.

Suspeito já esteve na cadeia

Autuado por uso de documento falso, Pero Petrovitch chegou a ficar alguns dias preso na carceragem da delegacia de Quatro Barras. Suspeito da morte de Giovanna, ele foi autuado em 20 de abril por uso de documento falso. Como até então nada havia sido comprovado contra ele, terminou sendo libertado. Três dias antes de sua prisão, as roupas da garotinha foram encontradas ao lado da casa que ele ocupava com a mãe e a mulher. Pero estava em Curitiba naquela ocasião e assim que retornou para Quatro Barras, foi detido para interrogatório. Usava documentos com nome "frio", o que lhe valeu uma semana de cadeia. Naquela época não havia provas suficientes de seu envolvimento no crime. A mãe dele, Vera Petrovitch e sua mulher também foram interrogadas, e sempre negaram qualquer participação na trama.

Assim que soube que estava na mira da polícia, Vera tratou de contratar um advogado. Depois de várias matérias divulgadas na imprensa, ela e Pero concederam uma entrevista exclusiva à Tribuna. Eles afirmaram que só faziam rezas e orações para o bem; negaram todas as acusações e disseram que em nenhum momento fugiram de Quatro Barras. Vera afirmou que sua família foi vítima de preconceito por ser cigana e Pero afirmou que não houve festa alguma na noite do dia 10 de abril. "Meu sogro foi lá em casa com seus dois filhos, de 5 e 3 anos, e nós só assistimos a um filme", defendeu-se.

Pero confirmou que Giovanna bateu na porta de sua casa para vender rifa e que comprou uma para ajudar a garota. Quando questionado sobre a estranha compra de produtos de limpeza, Pero desconversou. Pouco depois encerrou a entrevista dizendo: "O que eu vou deixar bem claro é que a gente não fez esse crime. Se você vasculhar toda a nossa vida, não vai encontrar nada". Porém, informações que chegaram à Tribuna indicam que houve crimes semelhantes, praticados por parentes dos Petrovitch em outros estados, e alguns continuam insolúveis. Além disso, a família também é conhecida por aplicar uma série de golpes de estelionato.