Ao saber da morte deDilma Aparecida Machado que denunciou policiais e políticos da região de Almirante Tamandaré e de Rio Branco do Sul, policiais militares teriam feito uma festa no Batalhão de Polícia de Guarda (BPGD). Ela foi a principal testemunha contra o grupo de extermínio formado por policiais, responsável por uma seqüência de assassinatos brutais naqueles municípios. Dilma, namorada de um dos envolvidos, também estava jurada de morte e preferiu revelar toda a trama à polícia.
O advogado Osmann de Oliveira, defensor de Juarez Silvestre Vieira – apontado por Dilma como um dos líderes do grupo de extermínio – desmentiu a informação sobre a comemoração, assegurando que isso não passa de boato. "Para nós, defensores, não houve benefício algum a morte de Dilma, e sim, prejuízo. Agora ficou valendo a palavra dela. Um dos alicerces ficou com o pé quebrado. A morte dela prejudica a defesa, pois não irá existir o contraditório", disse Osmann.
A denúncia de Dilma resultou em um processo que já conta com 37 volumes e 16 pessoas presas há quatro anos. Considerada "peça-chave" na elucidação do caso, Dilma foi a única que recebeu proteção do Estado, sendo inserida no Programa de Proteção à Testemunha, e mandada para Goiânia (GO), onde ganhou uma nova identidade e novo endereço para poder recomeçar a vida. Depois de elucidar um mistério (a seqüência de mortes de mulheres em Tamandaré), a morte de Dilma se transformou em um mistério ainda maior, que deverá ser investigado.
As mortes misteriosas na região de Almirante Tamandaré iniciaram em 2000 e a última ocorreu em maio de 2002, após a prisão dos primeiros acusados. Com o término do inquérito policial, Tamandaré não teve mais nenhum assassinato misterioso. Todos foram homicídios simples, a maioria esclarecida rapidamente pela polícia.