Um ano de silêncio

Morte de Tayná completa um ano e segue sem respostas

Um ano se passou e várias dúvidas ainda pairam sobre a morte da estudante Tayná Adriane da Silva, 14 anos, no bairro São Dimas, em Colombo. A jovem desapareceu na noite de 25 de junho e foi encontrada morta, dentro de um poço, dois dias depois. A perícia afirma que a jovem morreu 30 horas depois de sumir e, nesse tempo, manteve relação sexual. Porém, a polícia não sabe onde nem com quem a garota passou os últimos momentos de vida.

Todas as pessoas que moram na quadra da casa onde Tayná residia foram interrogadas, mesmo as que nem a conheciam. Mas esta importante testemunha, não constou no inquérito. O andamento do processo ainda é mistério. Por conta de decretação de segredo de justiça, os policiais envolvidos não dão informações e não se sabe qual linha seguem para tentar desvendar esse caso.

Depois que policiais civis da delegacia do Alto Maracanã apontaram quatro funcionários de um parque de diversões no bairro como suspeitos do crime, a perita criminal Jussara Joeckel causou uma reviravolta no caso, dizendo que os rapazes tinham sido torturados para confessar e que não houve estupro. Um ano depois disso tudo, Jussara não dá entrevista sobre este caso. “O que foi constatado no exame de local foi confirmado na necropsia e reafirmado na exumação do cadáver, que foi acompanhado pelo Ministério Público”, resumiu.

O cadáver foi localizado no fim da tarde de quinta-feira. Jussara afirmou na época que Tayná tinha sido morta entre a noite de quarta e madrugada de quinta-feira porque, quando o corpo chegou ao IML, ainda havia rigidez nas pernas, o que não aconteceria se ela estivesse morta há mais tempo. Também não constatou manchas na pele características de um cadáver com mais horas de putrefação.

A polícia, na época, contestou a perita e afirmou que Tayná tinha sido morta na terça-feira em que desapareceu e foi estuprada depois de morta, pelos quatro suspeitos detidos antes do achado do corpo. Os quatro confessaram o crime, mas voltaram atrás, afirmando terem admitido o homicídio sob tortura. Eles estão no programa de proteção à testemunha, enquanto o inquérito não é concluído.

Estupro

Jussara afirmou logo que Tayná foi achada que a garota não foi estuprada, por não haver desalinho nas roupas justas que a vítima usava nem lesões por ter sido segurada à força. Peça por peça foi retirada do corpo de Tayná no IML e em cada uma delas foi passada uma luz especial, capaz de detectar material orgânico. Nada foi localizado nas vestes, o que descartaria o estupro do cadáver.

A região do poço é íngreme e lodosa, onde mal se pode ficar em pé, conforme apontava a perita. Se Tayná tivesse sido estuprada naquele local, conforme a primeira versão divulgada pela polícia, haveria lama nas suas roupas. Nenhum indício de terra havia nas vestes.

Na primeira declaração dos suspeitos, constava que apenas um deles teria estuprado a garota, mas com camisinha. A perita explicou na época que o ato sexual deixa vermelhidão na região anal ou vaginal, e essa característica, conforme havia comentado a perita, não foi constatada no corpo. A mesma observação foi feita na exumação do corpo.

Golpe

Tayná morreu asfixiada. Porém, na necropsia foi encontrado um grande hematoma na parte interna na cabeça da estudante. O ferimento é típico de um golpe chamado “pescoção”, em que o agressor faz a vítima desmaiar com uma pancada com a mão. O golpe teria sido dado por quem recebe algum tipo de treinamento de defesa pessoal ou de segurança.

Depois de desacordada, Tayná morreu asfixiada com o cadarço de sua própria bota e foi jogada de cabeça no poço. Era para ter afundado. Seu cadáver permaneceria ao fundo dos nove metros de água e talvez nunca fosse encontrado. Mas sua bota prendeu na boca do po&ccedil,;o e o corpo ficou na superfície.

“Parece que a morte dela não foi planejada. Dá a impressão que alguém apenas queria dar um susto na Tayná. Mas as coisas devem ter caminhado de um jeito que obrigaram essas pessoas a matarem a jovem, para que não se complicassem. Quem planeja matar alguém leva uma arma junto. Quem que leva alguém para um local ermo para matar com um cadarço? E já que a força com que o cadarço estava amarrado no pescoço não era característica de um homem, minha suposição é de quem a matou era mulher. Mais de uma pessoa cometeu o crime. E era alguém que conhecia muito bem a região, para saber que, naquela descida íngreme e cheia de lodo, havia um poço”, conjecturou a perita Jussara na época.

Por conta do silêncio da polícia e do Judiciário, muita especulação surgiu. Amanhã o Paraná Online fala mais um pouco sobre o que pensam a família e advogados envolvidos no caso.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna