A passeata terminou com um ato em frente à delegacia de polícia. |
Pais, alunos e professores da Escola Estadual Herbert de Souza, em São José dos Pinhais, fizeram ontem uma caminhada pela vida e pela paz, e para pedir justiça para o caso do duplo homicídio ocorrido naquele município no domingo. Silvana, Francisco Alves, de 16 anos e Alécio Plens Medeiros, 15, que foram encontrados enforcados e amarrados em uma árvore, estudavam no colégio. Os manifestantes saíram do colégio em direção à delegacia da cidade, onde os manifestantes receberam a informação de que um suspeito já estava detido no local.
A passeata também foi acompanhada pelos pais de Alécio e Silvana. A mãe de Silvana, Tereza da Luz Alves, elogiou a atitude dos colegas e professores, e pedia justiça. “Não posso dizer que a polícia está desinteressada, mas até agora não fui convocada para ir à delegacia, por isso estou indo por conta própria”, disse. Para ela, há muita mentira nos comentários que estão sendo feitos na cidade. O pai da jovem, ainda bastante comovido, espera dedicação da polícia para elucidar o caso.
Segundo o professor da Escola Herbert de Souza, Roque Jungbluth, um dos organizadores da passeata, além de externar solidariedade aos parentes dos adolescentes, a manifestação teve como objetivo chamar a atenção das autoridades locais e estaduais para o problema de insegurança que amedronta a população. “Queremos pedir providências para que os assassinatos sejam apurados. A comunidade não pode ficar quieta diante de tanta injustiça, impunidade e falta de segurança na cidade”, ressaltou.
Comoção
Os alunos e pais carregavam faixas e cartazes pedindo paz e justiça. Durante o trajeto, algumas colegas dos adolescentes não conseguiam conter as lágrimas. Todos muitos chocados com o ritual de crueldade a que as vítimas foram sujeitas.
Os pais de Alécio, Genésio Diniz Medeiros e Rosa Plens Medeiros, não escondiam a revolta. “Meu filho era um menino bom, evangélico, não merecia uma morte tão bruta”, declarou o pai, que espera que o criminoso seja preso para que não faça mal a outros adolescentes. “Não tem explicação o que estou sentido. Criei meu filho sem bater e agora ele foi espancado até morrer”, completou a mãe.
Polícia pega suspeito de matar os jovens
Enquanto parentes e amigos protestavam contra o assassinato dos estudantes encontrados mortos domingo, em São José dos Pinhais, a polícia da cidade prendia um suspeito do crime, ontem de manhã. Zacarias Pacheco dos Santos, 35 anos, viveu por algum tempo com a mãe de Silvana Francisco Alves, 16 anos, a garota morta ao lado do amigo Alécio Plens Medeiros, 15. Ele é fugitivo da Penitenciária Central do Estado, em Piraquara, onde cumpria pena por latrocínio e estupro.
Segundo o delegado José Roberto Jordão, de São José dos Pinhais, Silvana e Alécio foram vistos sábado num ponto de ônibus da Colônia Rio Grande, onde moravam. Testemunhas também observaram na região uma Brasília amarela, ocupada por três pessoas. Logo o carro desapareceu, assim como os adolescentes. No ponto de ônibus, a polícia encontrou depois marcas de sangue. O delegado suspeita que os jovens foram levados na Brasília até a chácara próxima ao Parque Náutico Iguaçu, onde foram amarrados com uma corda de náilon e estrangulados. “Resta saber se Zacarias estava ou não nessa Brasília”, disse Jordão, ressaltando que, por enquanto, não há provas que incriminem o suspeito.
Fugitivo
Zacarias foi condenado a 21 anos de prisão por um caso que envolveu estupro, roubo e assassinato, cometido em 1988. A polícia está levantando detalhes do processo e da fuga dele da PCE. Depois de escapar da prisão, Zacarias tornou-se amásio da mãe de Silvana, que rompeu o relacionamento com ele há cerca de 15 dias. A DP de São José foi informada que Zacarias teria prometido vingança pelo fim do romance e que Silvana e Alécio teriam um relacionamento. “Ele nega qualquer envolvimento com a morte dos adolescentes. Vamos interrogá-lo com calma e ouvir mais detalhes da ex-mulher. Se houver indícios suficientes, iremos indiciá-lo”, disse Jordão. Como era foragido e tinha mandado de prisão, Zacarias permanece na cadeia. Oficialmente, o detido vai ser ouvido hoje pelo delegado.
Crime
Silvana e Alécio foram encontrados mortos às 10h de domingo, numa chácara entre o Parque Náutico Iguaçu e o canal extravasor do rio do mesmo nome. Com uma corda, ambos foram estrangulados, amarrados frente a frente e presos a uma árvore. A garota estava com a calça e calcinha arriadas e o rapaz foi agredido antes do crime. O laudo do IML, ainda a ser concluído, vai determinar se os adolescentes foram violentados sexualmente. A polícia acredita que o crime tenha sido cometido entre a noite de sábado e a madrugada de domingo.