De um lado, a Polícia Militar (PM) diz que a morte de Edivan Aparecido Goes, 22 anos, o ?Negão?, foi um confronto após o rapaz ter roubado uma moto. Do outro, amigos relatam que o jovem foi assassinado por policiais, sem ter feito qualquer coisa errada. Edivan foi atingido por um tiro no peito, dentro de uma casa abandonada na invasão Estrela, no Fazendinha, na noite de sábado, e morreu a caminho do pronto-socorro.
Segundo a PM, houve um roubo de moto no terminal Fazendinha, naquela noite. Em diligências, localizaram os supostos envolvidos circulando com a moto, na invasão. Durante perseguição, um dos ocupantes da moto teria atirado nos PMs. No revide, foi baleado. Uma pistola 765 teria sido encontrada com o suposto assaltante e entregue no Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac).
Versão
Giselle Antunes, amiga de Edivan, contestou a versão e contou que seguia pela rua com uma amiga e viu tudo. Edivan estava com amigos em frente à casa abandonada, comendo espetinhos -vendidos por uma vizinha -quando os policiais chegaram acusando-o de roubar a moto. O grupo estava com uma moto, mas pertencente a um dos rapazes da roda. Edivan foi arrastado para dentro da casa, de onde foram ouvidos vários tiros. Depois disso, os policiais o colocaram no porta-malas do camburão da Rondas Ostensivas Tático Motorizadas (Rotam), do 12.º Batalhão. O corpo ficou por quase 30 minutos, enquanto os policiais levavam o dono da moto para dentro da casa e o agrediam. ?A moto não era roubada. Tanto que não foi apreendida?, salientou Giselle. Edivan foi levado pela Rotam ao Hospital do Trabalhador, onde já chegou morto.
Ainda na versão da testemunha, os policiais teriam voltado ao local horas mais tarde, por volta da 1h30 de domingo, para recolher as cápsulas de pistola que ficaram na casa. No entanto, teriam esquecido uma delas, que foi encontrada e guardada por uma testemunha. ?Escutei eles pedindo reforço pelo rádio, porque estava acontecendo um tiroteio. O Edivan sequer estava armado?, finalizou a testemunha.