O anúncio da morte de Thiago Petricheli Pinto de Oliveira, 20 anos, veio até no sonho de seu tio. Na Vila Barigüi, CIC, os parentes dele já tinham sido avisados de que o rapaz estava "com os dias contados", mas Thiago parecia não levar os comentários em consideração. Na noite de quinta-feira, ele emprestou o carro de um primo e foi levar um mosquiteiro e um moisés para seu filho recém-nascido, mas, quando saiu, foi morto com cinco tiros.
O crime foi cometido no final da Rua Doutor Ernani Simas Alves, a antiga Rua 5, por volta das 21h15. Thiago iria devolver o carro e tinha acabado de conversar com um primo por telefone, alertando que demoraria um pouco, porque o veículo não "pegava". O rapaz estava junto com outro primo, de 10 anos, quando um homem saiu da beira escura do Rio Barigüi, chegou junto dele e praticamente descarregou um revólver calibre 38. O levantamento inicial da perita Clélia, da Polícia Científica, constatou três ferimentos na cabeça e dois nas costas da vítima.
O assassino fugiu, e a criança ficou ao lado do corpo, assustada. Aos soldados Nikkel e Ruiz, do 13.º Batalhão da Polícia Militar, foi informado que o suspeito usava boné verde, camisa bege estilo indiano e calça de skatista. O motivo do crime, de acordo com o que foi levantado pelos investigadores Castro e Luiz Renato, da Delegacia de Homicídios, não estão claros. "Comentaram que poderia ser dívida pela compra de algum bem ou por droga", disse Luiz.
Sonho
Thiago tinha um filho com uma menina de 15 anos, que morava em frente do local onde ele foi morto. Muitos anos atrás ele veio com a família do Norte do Paraná para tentar a vida na capital. Passou um tempo em Santa Catarina e, quando voltou a morar na Vila Barigüi, preferiu o caminho "errado" a trabalhar por seu sustento, apesar do alerta dado por familiares.
Mesmo assim, seus parentes, que foram ao local do crime, afirmaram que o rapaz nunca fez nada de mau para ninguém. "Ele era educado, não jogava, não bebia e não era de se meter em brigas", disse o primo Ricardo, confirmado por tias e outros primos da vítima.
O tio de Thiago, José Cruz de Oliveira, 58 anos, foi uma das últimas pessoas a falar com o rapaz e pedir para que ele "desaparecesse" do bairro. "Sonhei que tinham matado ele. Há um mês, sonhei que uma aranha-marrom o tinha picado e no dia seguinte ele apareceu com a mordida no braço", relatou.
Além do sonho, outras pessoas tinham avisado o tio e outros parentes que Thiago seria assassinado.