O tráfico de drogas resultou em mais um assassinato no município de São José dos Pinhais. Acusado de ser um dos principais traficantes da cidade, Ednilson de Deus Ribeiro, 20, foi assassinado a tiros na tarde de ontem.
Segundo o tenente Micrute, do 17.º Batalhão de Polícia Militar, populares contaram que a vítima foi perseguida pelos criminosos que ocupavam um Kadett vermelho e um Monza prata. Ednilson foi visto correndo, por volta das 15h30, pela Rua Alfredo Mulhstedt, Vila Iná, onde tentou se esconder em um matagal. Porém, foi novamente perseguido quando passava por um carreiro, e tombou morto com pelos menos dois tiros no peito. Com as características dos veículos que foram usados pelos criminosos, os policiais fizeram buscas na região, mas não encontraram os carros.
Para o chefe do setor de investigações da delegacia local, Altair Ferreira, a vítima já tinha várias passagens na polícia. "Ednilson é irmão do "Paquinha" e os dois eram conhecidos pelo envolvimento com o tráfico", contou Ferreira.
Drogas
De acordo com Ferreira, cerca de 70% dos homicídios ocorridos em São José dos Pinhais tem ligação direta com o tráfico de entorpecentes, principalmente crack. Desde quando a delegacia começou a combater intensivamente o tráfico, há cerca de três meses, o número de homicídios caiu de forma significativa. Em janeiro foram registrados 18 assassinatos, e, em março, este número chegou a 20. A partir do mês de abril os índices começaram a baixar, e em junho foram sete pessoas mortas em São José dos Pinhais.
O policial explica que o esquema criminoso começa com adolescentes viciados que são contratados por traficantes para vender drogas e, como forma de pagamento recebem entre 5 e 10 pedras por dia. "Os traficantes passam as pedras de crack para os menores, que viram "mulas", porque se os adolescentes são pegos a pena é mais branda", contou o policial.
Conforme o tempo passa e a "mula" adquire mais experiência, começa a lesar o traficante. "Ao perceber que o traficante ganha muito dinheiro, o adolescente diz para o "patrão" que foi obrigado a jogar a droga na valeta porque viu a polícia. Ele então vende o entorpecente e fica com o lucro. Quanto o traficante descobre que está sendo enganado, mata ou manda matar o garoto", conta Ferreira.
Outro motivo que culmina em assassinatos é a traição e a "fofoca" que corre entre os marginais. Se uma "mula" passa a vender drogas para outro traficante, usando o ponto do primeiro "patrão", também paga com a vida. E se há interesse em por fim à vida de uma "mula" um traficante espalha para outros que aquela pessoa está passando informações à polícia. "Matar o ?dedo duro? vira questão de honra, mesmo que tenha sido uma fofoca inventada e que a vítima nunca tenha falado com a polícia. Existe uma briga por pontos de tráfico de drogas e que os adolescentes com o passar dos anos, assumem estes locais e tornam-se traficantes. É um círculo vicioso que, na maioria das vezes acaba em morte", finalizou o policial.
Linha-dura no combate ao tráfico
Foto: Átila Alberti/Tribuna |
Acusados de tráfico fora de circulação. |
A delegacia de São José dos Pinhais, seguindo o princípio de investir pesado no combate ao tráfico de drogas, prendeu quatro criminosos na última semana. As prisões foram feitas por investigadores e policiais militares do 17.º Batalhão de Polícia Militar.
De acordo com o chefe do setor de investigações da delegacia local, Altair Ferreira, a preocupação da delegacia é identificar e prender os traficantes que agem no centro e na periferia de São José dos Pinhais, e para isso contam principalmente com as denúncias que são feitas pela população através do narcodenúncia, o 181. Na última semana foram presos, em situações distintas, Flávio Bento de Freitas, 18 anos; Rafael Carlos Tiapaoski, 18 e Alexandre Aparecido Santos, 26. Todos estavam com mais de 30 pedras de crack vendendo-as em diversos pontos do município. A maior apreensão foi feita com Bruno Ricardo Ramos da Cunha, 20, que foi pego com 120 pedras da droga. Ainda na semana passada, os policiais prenderam Alexandro Pacheco da Silva, 26, por porte ilegal de arma. Ele já esteve preso durante três anos e meio na Colônia Penal Agrícola (CPA) por roubo e seqüestro-relâmpago.