Pessoas retirando peças e acessórios de carros durante a noite e a madrugada já é uma cena comum para os moradores do Jardim Palmares, em Colombo, próximo ao Clube Santa Mônica. Trabalhadores que moram na região já viram até delinqüentes colocando fogo em veículos e não puderam fazer nada para conter os vândalos. Eles ainda reclamam de assaltos contra transeuntes e em propriedades. Os moradores denunciam que isso ocorre devido a falta de iluminação nas ruas e o estreitamento da Rua Sete de Setembro, onde acidente de trânsito também não é novidade.
Mauro Formiguieri, proprietário de uma chácara, informou que há alguns dias havia três carros queimados na rua. “Esta rua é uma vergonha. Não tem calçada para pedestres, tem assaltos e mortes. É um lugar extremamente perigoso”, avalia. Ele relata que já viu vários acidentes de trânsito e que já bateram no muro de sua chácara. “É uma estrada estreita e abandonada. Já procuramos os políticos de Colombo, que nada fizeram. Estamos cansados de pedir providências”, queixou-se Formiguieri.
Policiamento na região é “coisa rara”, segundo Formiguieri. “Esporadicamente passa uma viatura da Polícia Militar”, comentou. Ele enfatiza que durante a noite os moradores não podem passar pela rua. “Há um trecho de aproximadamente 600 metros, sem iluminação. De um lado da rua tem pinheiros e do outro, muro. A rua é muito estreita”, comenta. “Só os bandidos andam por aqui à noite. Já incendiaram um carro roubado no portão da minha chácara”.
Marginais
Mirian Serafim, que reside na região há mais de 20 anos, informa que o local sempre foi abandonado pelas autoridades, mas que agora a marginalidade está tomando conta da região. “Eu já vi uns rapazes desmanchando carros. Aqui é tudo muito escuro. Só os bandidos têm coragem de ficar nesta rua”, argumenta a mulher, que considera o local muito perigoso. “De manhã, quando passamos, os carros ainda estão queimando Eles queimam de madrugada e durante o dia fica a fumaça. Depois das 22h não se pode mais sair de casa”.
Ela ainda reclama do estreitamento da rua. “Aqui passa ônibus escolar, caminhão e muitos veículos. Já pensou se um ônibus desses, cheio de crianças, se envolve em um acidente?”, indaga. Ela comenta que a Rua Sete de Setembro tem muitas curvas, o que aumenta o risco de colisões.
PM diz estar trabalhando no combate aos furtos
De acordo com levantamentos da Polícia Militar, Colombo é a área mais problemática da Região Metropolitana, especialmente quando se trata de furto e roubo de veículos. O major Nilson Luiz Salata, subcomandante do 17.º Batalhão, informou que há registros de alguns veículos roubados e furtados localizados na Rua Sete de Setembro, em Colombo, mas que a maior incidência é nos bairros Monte Castelo e Jardim Guaraituba. Outro fato, que eleva a criminalidade no município, é a Vila Zumbi dos Palmares, uma das invasões mais violentas da região de Curitiba. “É uma área bastante grande e estamos trabalhando para conter esse tipo de criminalidade”, salientou.
Salata argumentou que já houve algumas apreensões de veículos na Rua Sete de Setembro. “Nada muito significativo, comparado com esses dois bairros citados”, enfatizou. Ele adiantou que policiais do serviço reservado estão fazendo um levantamento “velado” na região, para identificar e prender esses marginais.
Trajeto
De acordo com o oficial, os marginais furtam carros em Curitiba e levam para Colombo, onde retiram acessórios e peças. “Este material serve muitas vezes para troca por crack ou coisa desta natureza”, frisou. “Essa molecada vem para Curitiba e no retorno leva os carros”, acrescentou. Segundo o major Salata, a maioria desses criminosos é menor. Muitas vezes são apreendidos, mas retornam ao crime rapidamente, quando são colocados em liberdade.
Outra dificuldade, segundo o major, é que não existe uma quadrilha específica que age na região. São várias facções, trios, duplas, ou até mesmo uma pessoa isolada. “Já prendemos vários marginais, mas vamos continuar prendendo”, assegurou.
Delegacia em breve receberá reforços
Em média, diariamente, três carros furtados ou roubados são recuperados por policiais da delegacia de Alto Maracanã, em Colombo. A informação é do delegado Agenor Salgado, chefe da Divisão Metropolitana da Polícia Civil. “Agora são abandonados três em média. Há um tempo atrás a média era nove”, afirma.
Salgado contou que a maioria dos veículos é abandonada em locais ermos do município, depois que os marginais retiram equipamentos de som e acessórios. Ele revelou que ontem havia 28 carros recuperados no pátio da delegacia, sendo que desses, oito estão vinculados a inquéritos policiais e o restante está totalmente destruído, a maioria queimada. “Estamos providenciando a remoção desses carros”, adiantou o delegado.
A meta é acabar com o “cemitério de carros” no município de Colombo. “Já diminuímos bastante o número, que deverá chegar a zero. Vamos trabalhar em conjunto com a Polícia Militar. Assim, a região vai deixar de ser um cemitério de carros roubados e furtados”, prometeu. O delegado enfatizou que está revitalizando as delegacias do Alto Maracanã e de Colombo para alcançar a meta. “Estamos remanejando pessoal e implementando outros meios, para possibilitar que este trabalho seja efetuado”, explicou.