A ex-mulher de Dirceu Jacobi, 29 anos, conhecida por Solange pode ser a peça chave para a polícia encontrar o perigoso e destemido traficante de drogas que manteve uma jovem, de 20 anos, como prisioneira durante nove meses e assassinou a irmã dela com um tiro na cabeça. Na tarde de quarta-feira, vizinhos viram Solange e dois homens no cativeiro do bairro Rio Verde, em Colombo. Ela apanhou objetos pessoais e roupas de Dirceu, o que levanta a possibilidade de ainda manter contato com o homem que está foragido.
Por volta das 15h30 de quarta-feira, uma vizinha contou que viu quando o Santana azul escuro placa IGO-5490 estacionou em frente à casa, na Rua Evaristo da Veiga. Uma mulher bonita, de cabelos longos, acompanhada de outros dois homens entrou na residência que foi cenário para as perversões praticadas por Dirceu. O trio agiu rápido. Eles apanharam botijões de gás, televisor e roupas do criminoso, colocando todos os objetos no porta-malas do veículo. ?Eles estavam com muita pressa. Dava pra ver que eles tinham medo que alguém chegasse?, relatou.
Ao perceber a movimentação na casa do foragido, a vizinha tentou ligar para o celular de um investigador, mas ele não atendeu o telefone.
Apenas na manhã seguinte, o policial foi até lá e, ao verificar a placa anotada pela moradora, constatou que o carro era de Solange, a ex-mulher de Dirceu com quem ele tem um filho de 10 anos.
Socorro
Antes de apanhar os pertences do ex-marido, Solange já tinha sido procurada pela polícia.
Foi ela quem socorreu a garota na manhã de sexta-feira, quando ela tentou suicídio ao ingerir veneno. Dirceu ligou para a ex-mulher e avisou que a jovem estava mal. Solange foi até a casa e levou a garota para o hospital. Este seria o último contato feito com Dirceu. Entretanto, o fato de Solange ter ido até a casa apanhar as roupas dele levanta suspeitas quanto a cobertura da ex-mulher na fuga do criminoso.
Vestígios dos dias de horror
Fezes espalhadas pelo chão misturadas com restos de comida, garrafas de bebida, revistas pornográficas e alguns trapos de roupa. Um cheiro insuportável. Um lugar deprimente.
Na casa, de três quartos, sala, cozinha e banheiro, usada como cativeiro e que provavelmente funcionava como ponto para a venda de drogas, o desleixo era visível. Os móveis quebrados, marcas de sangue e o vômito no chão da cozinha são indícios das torturas sofridas pela jovem. Ela foi encontrada com os cabelos e sombrancelhas raspadas e com várias queimaduras de cigarro. Segundo relatou à família foi obrigada a comer fezes e a fazer sexo com animais.
Apesar das barbáries que aconteciam na residência, os vizinhos contaram que não sabiam que uma mulher morava ali. Um deles relatou que às vezes ouvia gritos e que Dirceu pedia desculpas pelos escândalos feitos pela namorada, que dizia estar bêbada. Outra moradora disse que era comum ver um grande movimento de motocicletas entrando e saindo da casa. ?Eu nem sabia quem morava ali, pois era tanta gente diferente e o movimento era dia e noite?, contou ela.