Mistério nas mortes de jovens

Durante a madrugada de ontem, o corpo do adolescente Diego Braihon de Oliveira, 17 anos, morto a golpes de estoque no Educandário São Franscisco, em Piraquara, foi removido do Instituto Médico-Legal de Curitiba, para Cascavel, onde morava, e sepultado à tarde. Apesar do enterro e da detenção do garoto que o matou em um dos alojamentos do centro de ressocialização, o caso está longe de ser solucionado. O motivo do crime ainda é desconhecido. O autor, que já tinha cometido um assassinato em Goioerê – e por isso estava internado no Educandário -alegou que o assassinato foi em docorrência de uma "briga à toa". Outros comentários davam conta de que a morte de Diego tinha sido "encomendada" pelo tráfico. E o próprio secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, padre Roque Zimmermann, arriscou dizer que "Diego sabia demais sobre o mundo das drogas na região Oeste, e por isso foi calado."

As investigações estão a cargo da delegacia de Piraquara, que já ouviu o autor e os funcionários da instituição. Porém dificilmente o real motivo do crime venha a ser levantado. Para Telma de Oliveira, presidente do Instituto de Ação Social do Paraná (Iasp), órgão gestor das unidades correcionais para menores infratores, os motivos dos "lamentáveis" crimes são os mais banais possíveis. "Por causa de R$ 5,00 ou por um tênis, eles acabam matando uns aos outros. Isso é muito triste", afirmou ontem. Telma confimou que o autor do assassinato foi removido para outra instituição, mas preferiu não revelar qual, por questões de segurança. "É para preservar o garoto, que já tem histórico familiar de violência", salienta.

Tranqüilo

Apesar da cena de brutalidade acontecida na madrugada de segunda-feira, no alojamento que abrigava 13 adolescentes infratores – o criminoso desferiu quatro golpes de estoque no peito e pescoço da vítima, sem que ninguém tentasse impedi-lo -, o clima ontem no Educandário São Francisco era tranqüilo, de acordo com a diretora da instituição, Solimar Gouveia. Com a remoção do garoto homicida, os demais continuaram com suas atividades diárias. "Nós mesmo providenciamos o translado do corpo do menino morto para sua cidade natal. Só podemos lamentar o acontecido", disse ela.

Embora o "clima" aparentemente seja de normalidade, a segurança no Educandário deve ser reforçada, principalmente porque o próprio padre Roque Zimmermann disse crer que houve falha na fiscalização, o que teria concorrido para o crime. Segundo ele, os adolescentes devem passar por detector de metais e revistas, antes de seguirem para o alojamento, o que supostamente deveria impedir a entrada de qualquer tipo de arma ou objeto que fosse usado como arma, como no caso, um pedaço de ferro transformado em estoque.

Mortes

Num levantamento realizado pela presidente do Iasp, Telma de Oliveira, são confirmados 12 assassinatos de adolescentes nas unidades correcionais, desde 2003. Fazem parte desta triste contabilidade os sete mortos no São Francisco, em 2004, durante uma rebelião, cujos motivos até hoje não ficaram bem explicados. As demais vítimas foram executadas em Foz do Iguaçu (2003); no Hospital Adauto Botelho (em Curitiba), no Educandário São Francisco (anteontem), em Londrina, e novamente em Foz do Iguaçu (estes em 2005).

Para as autoridades do setor, os crimes não têm ligações uns com os outros.

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